Sem carro. Nem ônibus!

O tal do dia sem carro, que a Prefeitura Municipal de Curitiba vai promover nesta segunda-feira, dia 22 de setembro, tem, a meu ver, um erro grave de avaliação. Se é para deixar o carro na garagem, melhor seria incentivar trabalhadores de todos os setores deixar de utilizar combustíveis fósseis, pois nada adianta trocarmos um carro por um ônibus. Tanto um quanto o outro, poluem nosso ar, causam transtornos de toda ordem pela precária falta de educação da maioria absoluta dos motoristas e matam mais que a última guerra criada pelos EUA (no Iraque).

Acho que a Prefeitura e sua mania de criar factóides está desperdiçando recursos importantes a serem gastos com o que mais é importante, o cidadão e seu bem estar. Para dar uma guinada a favor do cidadão, nem seria necessário trocar seu slogan de capital ecológica para capital social. Nem um é verdadeiro muito menos outro.

Senão vejamos. O que há de ecológico numa cidade que deixou seus rios morrerem ou virarem escoadouros de esgoto (a céu aberto ou canalizados)? O que há de ecológico na administração da cidade enquanto ela manteve esse verdadeiro slogan? Gostaria que a administração me mostrasse quais ações foram feitas a favor do meio-ambiente. Afinal, nestes últimos anos, nada faltou para degradar na cidade. Até mesmo deixar invadir as áreas de manancial esta administração (com a inoperância da Comec, quando quem mandava no governo do Estado era o mesmo grupo político) fez vista grossa.

Depois trocaram o slogan para capital social, ao tremerem nas bases com o susto das urnas e a necessidade de fazer de tudo para ficar no poder (como o abuso do poder econômico que se transformou no caso Caixa 2, ainda sem solução por parte da Justiça). Mas o que há de social?

O salário dos professores das escolas municipais ou do funcionalismo de modo geral? A falta de vaga nas creches para atender aos bairros que precisam delas? Ou seriam os repasses de verbas para a empresa do secretário municipal de cultura organizar o festival de teatro? Até hoje não consegui ver nada de social nesta administração.

Só acho que se é para ter um dia sem carro, que a opção não seja o ônibus. Pois, se é para poluir mesmo, vou com minha “jabiraca” antiga. Ao invés de dia sem carro, os gênios do marketing municipal poderiam optar por um Dia de Bicicleta. Ao invés dos monstrengos que consomem óleo diesel (e não venha me dizer que o óleo diesel é ecológico em 10% ou 20% da frota), vamos todos invadir as canaletas com bicicletas. Assim, estaremos cuidando da saúde do povo promovendo o transporte individual e que vai melhorar a qualidade de vida de todos os cidadãos.

Ou um dia sem ônibus e com caminhada. Saia de casa uma hora antes e caminhe até o seu trabalho. Esta também é uma ótima opção de melhorar a qualidade de vida. Pois se esta é mais uma jogada para promover o “super-ultra-moderno” e “competente” transporte coletivo de Curitiba, melhor trocar o carro chefe da campanha. Tomar ônibus em Curitiba, nada tem de maravilhoso, e perde-se muito tempo aguardando o coletivo que sempre está lotado ou atrasado. E os motoristas, parecem transportar animais para o abate, tamanha a falta de tato para transportar pessoas.

Márcio Rodrigues 

(marciorodrigues@oestadodoparana.com.br) é editor-adjunto em O Estado do Paraná

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