PEGOU FOGO

Belvedere tinha virado mocó e alvo de vandalismo

O incêndio que atingiu o prédio Belvedere, no São Francisco, na noite desta quarta-feira (6), já era esperado pelos vizinhos. O fogo destruiu por completo o telhado do espaço histórico e o incêndio vai ser investigado pela polícia, que não descarta a possibilidade de que seja criminoso.

As informações que ainda são investigadas pela polícia dão conta de que algo semelhante a um coquetel molotov tenha sido arremessado no Belvedere. Câmeras de segurança registraram uma movimentação na praça bem no momento do incêndio e essas imagens podem ajudar na apuração do que de fato aconteceu.

Leia mais: Câmera flagra início de incêndio no Belvedere

Foto: Marco Charneski.
Foto: Marco Charneski.

Apesar de tudo o que foi dito e de as investigações estarem numa fase inicial, os moradores contaram à Tribuna do Paraná que já esperavam que alguma coisa aconteceria. “O prédio estava abandonado e percebe-se pelo lado de fora, com as paredes completamente pichadas. Se tornou mocó e parecia que a prefeitura não se importava muito com isso”, desabafou uma mulher, que preferiu não se identificar.

Tombado pelo Paraná, o exemplar arquitetônico desenhado com linhas art nouveau foi construído em 1915, pelo prefeito Cândido de Abreu. A ideia era fazer dele um mirante no então ponto mais alto urbanizado de Curitiba. O prédio teve vários outros usos e foi até a sede da primeira rádio do Paraná.

Abrigo

Os vizinhos contaram que o Belvedere tinha se tornado abrigo para moradores de rua. Depois do incêndio, a Tribuna do Paraná teve acesso a parte interna do prédio e lá dentro o cenário era de sujeira, além da destruição provocada pelas chamas. ‘Favor não fazer coco no vaso, se fizer, jogue água do cavalo babão. Não sou empregada, sou guerreira‘, era a mensagem escrita na parte interna, em uma das paredes do prédio, o que reforçava a informação dos vizinhos.

Lá dentro, o cheiro forte de urina predominava e ainda era possível encontrar vestígios deixados pelos moradores de rua, como garrafas e latas de refrigerante. Na parte de cima do prédio, a reportagem não teve acesso por conta da escada que ficou comprometida pelo incêndio.

Foto: Marco Charneski.
Foto: Gerson Klaina.

Restauro virá

A prefeitura de Curitiba se posicionou em nota e afirmou que já começou os trabalhos para isolar a área e espera a perícia técnica para avaliar os danos e os custos que vão ser necessários para a recuperação do prédio. Segundo a prefeitura, em junho este ano o prefeito Rafael Greca (PMN) assinou decreto que transferiu R$ 1,073 milhão em recursos para o restauro.

O processo, conforme a prefeitura, estava em curso antes de o incêndio acontecer e agora vai seguir normalmente, mas com o acréscimo do valor atualizado depois do fogo. ‘O bom uso é a melhor forma de preservar o patrimônio histórico da cidade. O abandono determina a sua decadência e destruição‘, afirma o prefeito. Depois de recuperado, o Belvedere vai ser a nova sede da Academia Paranaense de Letras (APL) e também vai abrigar um café escola do Sesc Paraná.

Investigações seguem

À reportagem, a Polícia Civil informou que o boletim de ocorrência foi registrado e as investigações vão ficar sob responsabilidade do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). “A equipe já está trabalhando para levantar imagens de câmera de segurança que possam auxiliar nas diligências, bem como na identificação de testemunhas”, completa a nota, informando ainda que mais detalhes não vão ser fornecidos para não atrapalhar o andamento das investigações.

Foto: Gerson Klaina.
Foto: Gerson Klaina.