Segundo mandato de governo Lula seria “pesadelo”, diz Alckmin

Porto de Galinhas – Em sua primeira visita a Pernambuco na condição de pré-candidato à presidência da República, Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou hoje que um segundo mandato do governo Lula poderá ser "um pesadelo", por faltar base de apoio e projetos. "Já temos um governo fraco, que está em fim de mandato desde o ano passado", observou Alckmin. "Um segundo mandato com o PT pode ser ainda mais complicado. Com a base menor, o PT mais enfraquecido, sem projeto, é preocupante, podemos ter um pesadelo pela frente." Para o tucano, o governo está parado. "Nenhuma reforma anda, tem muito discurso, muito blábláblá, retórica, mas na prática poucas coisas feitas", disse o pré-candidato.

Acompanhado pelo senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), coordenador da sua campanha, do senador José Jorge (PFL), cotado para ser seu vice, e do governador Mendonça Filho (PFL), Alckmin deu entrevista no hotel Summerville, por volta do meio-dia, depois de sobrevoar, de helicóptero, o porto de Suape e o litoral sul pernambucano.

"Comentarista" – Alckmin fez mais uma provocação ao presidente, ao comentar suas críticas à Febem e ao tratamento dado aos jovens no Estado de São Paulo. "Os ataques do Lula são pelo desconhecimento. Ele se comporta como um comentarista, como se o governo federal não tivesse responsabilidade em relação ao adolescente infrator", disse. "É fácil ser comentarista, mas é bom trabalhar um pouco", acrescentou, afirmando que desde o governo Fernando Henrique São Paulo não recebe nenhum apoio para atender aos 6 mil adolescentes em privação de liberdade.

Alckmin reagiu com ironia à decisão federal de liberar recursos por meio de medida provisória, diante do orçamento 2006 ainda não ter sido aprovado. "O PT tem maioria para absolver ‘mensaleiro’ e não tem para votar o orçamento", disse ele, ao garantir que a oposição não é contra aprovar o orçamento, havendo a necessidade de cumprimento de entendimentos feitos anteriormente.

De forma geral, a acolhida a Alckmin no Estado natal do presidente Lula foi favorável. O ex-governador posou para fotos, deu autógrafos e recebeu elogios de turistas de vários Estados que aproveitavam o feriadão no badalado balneário de Porto de Galinhas, no litoral sul. No Hotel Summerville, Alckmin chegou a ser aplaudido por alguns hóspedes ao dar entrevista. Ele ainda não se submeteu à prova em reduto petista.

Até meados de maio, Alckmin visitará um Estado nordestino uma vez por semana, dentro da estratégia de mostrar a cara, se tornar mais conhecido. Neste mesmo período, será definido o nome do candidato a vice na sua chapa, que será do Nordeste e do PFL. Os nomes mais cotados são os dos senadores José Jorge (PE) e Agripino Maia (RN). José Jorge não desperdiçou um minuto da visita de Alckmin. Grudou nele e o recebeu em sua casa de praia, em Porto de Galinhas. Semana que vem será a vez de Agripino Maia, já que Alckmin visitará o Rio Grande do Norte.

O senador tucano do PSDB, Sérgio Guerra, coordenador da campanha, não tem dúvidas de que Alckmin vai reverter a situação no Nordeste (favorável a Lula). Argumentou que é um candidato que não encontra restrições no eleitorado, é de classe média, simples, com grande capacidade de identificação com o nordestino Além disso, de acordo com Guerra, assumiu compromissos com a região e não apresentará um plano de governo pronto. Ouvirá lideranças e governantes. Para Pernambuco, Alckmin já adiantou que a escolha da refinaria de petróleo no Complexo Industrial de Suape é acertada e que terá o seu apoio. "Vamos colocar o bloco na rua e percorrer o país todo", avisou Alckmin, que terá como questão central de governo a redução da pobreza.

"Temos um projeto ambicioso de reformas (a começar pela política econômica) e precisamos construir uma maioria sólida", disse o pré-candidato, referindo-se às alianças. Ele não comentou sobre a possível candidatura Itamar Franco no PMDB. De Porto de Galinhas, Alckmin seguiu para Fazenda Nova, onde iria assistir ao espetáculo da Paixão de Cristo em Nova Jerusalém.

Nossa Caixa

Alckmin não comentou as declarações do presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro, que contradiz a versão do governo estadual. Segundo Monteiro, o banco não tinha autonomia para indicar para onde iriam os recursos da publicidade e que o governo de São Paulo sabia para onde estavam sendo mandados tais recursos, que teriam beneficiado aliados. Monteiro afirmou que o ex-gerente da Nossa Caixa, Jaime de Castro tratava diretamente com Roger Ferreira (ex-assessor de imprensa do governo Alckmin), atendendo a um decreto estadual de 1999 que determina que todo plano de comunicação do Estado tem que passar pela Secretaria estadual de Informação e Comunicação.

Questionado sobre o fato, Alckmin preferiu repetir que o que ocorreu na Nossa Caixa foi um "erro formal". De acordo com ele, o contrato com as duas agências de publicidade poderiam ter sido prorrogadas "de forma tácita, no entendimento jurídico". "Foi um erro formal, ninguém foi prejudicado". Ele disse que a Nossa Caixa faz contrato, licitação, concorrência pública. Contratou as duas agências de publicidade por 18 meses, podendo prorrogar, o que é rotina.

As agências pediram prorrogação e continuaram trabalhando, mas simplesmente o contrato não foi prorrogado. Ele frisou que "no entendimento jurídico" a prorrogação poderia ter sido tácita, porque as agências requereram a prorrogação e continuaram trabalhando."Quando a Nossa Caixa percebeu que não tinha sido prorrogado, rompeu o contrato, abriu sindicância para saber porque não foi prorrogado, comunicou ao Tribunal de Contas do Estado, demitiu o responsável e encaminhou o resultado da sindicância para o TCE". Indagado, afirmou não temer nenhuma devassa no período do seu governo no Estado. "Pelo contrário".

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