Secretário do Audiovisual destaca importância do setor para o país

A importância do audiovisual para o governo pode ser medida pela classificação do setor como estratégico para o Brasil, uma atitude inédita em um país em desenvolvimento. "Neste governo, o audiovisual foi declarado pelo presidente Lula ? com todas as conseqüências dessa declaração ? um tema estratégico para o país", disse o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Senna. Ele participou de debate sobre os Rumos do Cinema Nacional e a Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual), no XIV Congresso Latino-Americano e Caribenho de Estudantes (CLAE).

Segundo Senna, o ministério tratou o setor do audiovisual com base em quatro critérios: nacionalização das ações e dos recursos governamentais para todas as regiões do país, democratização dessas ações e recursos, balanceamento e convergência entre os aspectos cultural e mercadológico e política externa expansionista e agressiva.

A atividade do audiovisual, disse o secretário, é vista pelo seu grande potencial de geração de emprego e renda. "É um ?polvo? muito maior do que os pioneiros do cinema brasileiro puderam imaginar", observou. Ele lembrou, também, que um estudo revelou que a indústria da comunicação, tendo na ponta o audiovisual, "será a mais importante economia do século 21".

O cineasta Toni Venturi, outro participante do debate, destacou que o cinema brasileiro sempre viveu em "ciclos virtuosos". Segundo ele, em 1910 houve a chamada belle époque, seguida pelos ciclos regionais que revelaram nomes como Humberto Mauro, a fase do estúdio paulista Vera Cruz, o cinema novo, a Embrafilme e a retomada, em meados dos anos 80. O cineasta alertou, entretanto, que "o cinema brasileiro sempre enfrentou a presença do produto estrangeiro, que sempre asfixiou a produção nacional".

Entre as mais recentes conquistas do cinema nacional, Venturi ressaltou a presença forte da mulher, com a chegada de novas diretoras (Tata Amaral, Eliane Caffé e Monique Gardemberg) e produtoras (Sara Silveira, Rita Carvalhosa e Paula Lavigne), a parceria com a televisão, iniciada com a Globofilmes, e a criação da Agência Nacional de Cinema (Ancine), "que a gente espera que caminhe para a Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual)".

"A gente acredita que a Ancinav tem a vocação de regular o mercado selvagem que temos hoje", comentou o cineasta sobre o domínio das grandes empresas distribuidoras americanas no país, chamadas de majors.

Para o pesquisador do Centro Cultural Banco do Brasil, professor André Gatti, um fenômeno recente merece atenção especial. Trata-se da expansão do domínio estrangeiro para o mercado de salas de exibição, com a presença maciça de grandes complexos de cinema, chamados multiplex. "Nosso processo do cinema brasileiro está verticalmente internacionalizado. A internacionalização em todos esses níveis é extremamente perigosa", alertou.

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