Safra agrícola faz preços baixarem na primeira prévia da inflação de abril

Rio de Janeiro – A primeira prévia da inflação de abril, medida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) por meio do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) registrou deflação de 0,16%. O índice, divulgado nesta quinta-feira (12), reflete a variação de preços no mercado nos últimos 10 dias do mês de março, considerando desde matérias primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais que chegam ao consumidor.

No mesmo período do mês anterior os preços estavam subindo a uma taxa de 0,19% – variação registrada na primeira prévia do IGP-M do mês de março.

Segundo o coordenador da pesquisa, Salomão Quadros, a redução na taxa de inflação é resultado do recuo nos preços dos produtos agrícolas no atacado, vendidos tanto como alimentos in natura, como em na forma de matérias-primas para a indústria beneficiados pelo período da safra. ?Isso é resultado de queda de preços nos produtos agrícolas, principalmente no atacado. Vários produtos muito importantes na agroindústria, produtos que vão depois ser transformados em alimentos industrializados, estão em queda, que se explica pela fase de colheita?, disse Quadros.

Para Salomão Quadros, o índice divulgado hoje sinaliza a possibilidade de inflação baixa ou até mesmo deflação no mês de abril. ?Aumentaram muito as chances de termos um índice final muito baixo. Nós estamos falando de uma época do ano em que a agricultura costuma dar sua contribuição para a diminuição da inflação, que é a época das colheitas. No mês passado isso ainda não estava muito claro, a contribuição ainda era muito pequena e agora isso se generalizou entre os alimentos e é normal que se tenha nesse momento um IGP mais baixo. Não é possível prever se vai chegar a uma taxa negativa, mas é uma possibilidade?, avaliou.

Ele salientou que o resultado final vai depender de alguns fatores de alta como o reajuste dos remédios e o avanço dos preços no vestuário, "mas nenhum deles é tão grande quanto o efeito para baixo como a redução nos produtos agrícolas por causa da safra?.

Entre as matérias primas agrícolas que tiveram redução de preços, a soja caiu 2,24%; o milho, 3,13%; a laranja, 16,44%, e as aves, 9,89%. Segundo Quadros, ?os produtos alimentares in natura que tinham alta forte no início do ano, como os ovos, agora começam a desacelerar?.

Em relação aos preços ao consumidor, a prévia do IGP-M indicou relativa estabilidade na taxa de inflação, de 0,15% contra os 0,18% apurados na primeira previa de abril. Quadros destacou, que, embora a alta na média dos preços tenha mantido a velocidade que vinha apresentando, os preços dos alimentos recuaram do mês passado para cá, enquanto o vestuário começou a subir, com o final das liquidações de verão e a chegada das coleções de inverno.

Dentre os três índices que compõem o IGP-M – Índice de Preços ao Atacado (IPA), Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e Índice Nacional da Construção Civil (INCC) -, só o último apresentou taxa maior do que na prévia de março (0,43% contra 0,25%). A alta é conseqüência de reajustes nos salários em Salvador e no Rio de Janeiro.

O cálculo do IGP-M inclui duas prévias que antecipam o resultado final de 30 dias fechado no dia 20 de cada mês. O índice é usado como referência para o reajuste das tarifas de energia elétrica e de contratos de aluguel e de serviços da iniciativa privada.

Voltar ao topo