A Sociedade Rural Brasileira (SRB) avalia que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "errou mais do que acertou" nas suas políticas para o setor agropecuário e advertiu que, no segundo mandato, o governo terá de promover um "choque de gestão" se quiser valorizar o agronegócio.
"O novo governo terá que promover um choque de gestão em sua estrutura e planejamento de ações, se quiser dar o devido valor à agricultura", afirmou João de Almeida Sampaio Filho, presidente da SRB, por meio de sua assessoria de imprensa.
A SRB argumenta que o agronegócio se tornou o "dínamo da economia" brasileira, apesar da carência de políticas públicas para o setor. Os acertos do primeiro mandato do presidente Lula, do ponto de vista dos ruralistas, foram o apoio ao desenvolvimento da agroenergia e à regulamentação da soja transgênica. Os equívocos teriam abarcado as políticas macroeconômica e agrícola e as atribuições dos ministérios.
Os ruralistas deverão cobrar do segundo governo Lula medidas para a consolidação da segurança jurídica (em especial, a punição das invasões de terras), o ajuste na área macroeconômica (com a redução das taxas de juros e dos gastos públicos e a adequação da taxa de câmbio) e a revisão do fatiamento da área agropecuária em duas instâncias administrativas – os ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrícola.
A SRB cobra ainda do governo Lula a adoção de uma política eficiente nas áreas de seguro e crédito agrícola e a criação de ferramentas de proteção à renda do agricultor, a melhoria da infra-estrutura logística, o investimento "pesado" em defesa sanitária e em pesquisa rural, a conclusão de acordos bilaterais de acesso a mercados, a eliminação do "viés ideológico" e da burocracia na legislação ambiental e trabalhista.