Roberto Requião é vaiado e xinga manifestantes do MST

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), foi vaiado hoje ao discursar para cerca de 1.500 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), sindicalistas e estudantes, no Teatro Guaíra, em Curitiba. E perdeu a compostura chamando os manifestantes de "representantes de pequenos movimentos de merda". Quando teve seu nome citado no início da solenidade com a presença do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, as vaias foram poucas. Mas o discurso quase foi sufocado pelo protesto.

Quando tentava convencer os ouvintes de que é preciso entender o centro das questões, ele minimizou as denúncias de corrupção no governo Luiz Inácio Lula da Silva – "pequenas divergências, bobagens pequeno-burguesas" – dizendo que o mais importante era ele ter resistido à internacionalização da economia. E tentou exemplificar também com a questão do nepotismo, pois os deputados governistas, sob sua orientação, derrubaram uma proposta de emenda constitucional, que acabava com esse privilégio no Estado. "O que importa se um secretário é parente do governador?" Referia-se a seu irmão Maurício, que é secretário da Educação.

Começaram as vaias. "Tem pessoas que não conseguem entender a contradição fundamental e se servem de questões pequeno-burguesas, no divertimento e no desvio da luta do povo", conseguiu dizer. Mais tarde retomou o assunto: "A proposta contra o nepotismo era venérea (em referência ao deputado petista Tadeu Veneri, que apresentou o primeiro projeto para o fim do nepotismo)", disse. Requião apresentou outro projeto, que ele diz ser mais completo, mas, caso seja aprovado, só entra em vigor no próximo ano. O projeto ainda não foi apreciado. E ele reclamou publicamente. "O governo mandou uma proposta de verdade mas os covardes fugiram dela", atacou. E veio mais vaias.

Segundo ele, ninguém poderia questionar a "integridade" do governador do Paraná. Foi quando começaram alguns gritos de "Teixeirinha, Teixeirinha". Teixeirinha foi um líder do MST morto pela polícia no primeiro mandato de Requião. E outros reclamavam: "Abaixo a repressão". Mas ele não se deu por vencido: "É uma minoria que tenta dividir o movimento latino-americano, o movimento social. São covardes, é uma minoria de merda."

Para maior decepção do governador, um rapaz conseguiu entregar a Chávez uma bandeira do Sindicato dos Professores do Paraná (APP-Sindicato). Chávez a levantou. Na última greve dos professores, Requião disse que não reconhecia a entidade, porque segundo ele, seu presidente, José Lemos, estaria apenas fazendo campanha para deputado.

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