Ritmo da produção industrial foi estável em outubro

Rio – A indústria brasileira surpreendeu em outubro e registrou estabilidade no nível de atividade em relação a setembro, escapando da queda esperada pela maior parte dos analistas econômicos. A produção do setor ficou estável (0,1%) ante setembro e aumentou 0,4% na comparação com outubro do ano passado. Para a economista Isabella Nunes, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desempenho de outubro "atenua, mas não reverte" a queda do setor no terceiro trimestre.

Economistas como Roberto Padovani, da Tendências Consultoria, receberam o resultado como uma amostra positiva para o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre. Para ele, os dados de outubro "atenuam parte das expectativas negativas, elevando as chances de que o terceiro trimestre tenha sido, efetivamente, um movimento localizado".

Estevão Kopschitz, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), compartilha dessa perspectiva e avalia que outubro pode ter sido uma transição para o reinício do crescimento do setor . Já Julio Sérgio Gomes de Almeida, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), espera um quarto trimestre melhor do que o anterior, mas avisa que uma reação mais forte do setor só ocorrerá no primeiro trimestre de 2006.

Isabella ressaltou que a estabilidade da indústria em outubro esteve ancorada em bens de consumo duráveis (geladeiras, freezer automóveis), semi e não duráveis (carburantes, edição e impressão, medicamentos), o que pode indicar uma recomposição dos estoques no setor. O ajuste de estoques "intenso" no final do terceiro trimestre foi um dos principal motivos apontados para a queda na produção industrial e do PIB no período.

"O ajuste de estoques que foi intenso em setembro pode não ter terminado, mas já teve início uma recomposição, que pode estar relacionada às encomendas do comércio para o final do ano", disse Isabella. Entretanto, ela alerta que é preciso esperar os dados de novembro para checar se vão confirmar que o ciclo de ajuste de estoques está chegando ao fim.

A economista observou que o crescimento na produção em outubro ante igual mês do ano passado foi garantido pela indústria extrativa mineral (10,8%, sob impacto de minério de ferro e petróleo). Apesar do peso de apenas 5% no total da produção da indústria, a extrativa mineral compensou a queda de 0,2% na indústria de transformação, que responde por 95% do total do setor.

Segundo Isabella, a pequena expansão de outubro é resultado de uma base de comparação elevada de outubro do ano passado. "Mas também reflete perda de ritmo da indústria em 2005, especialmente no segundo semestre." Doze de 27 segmentos pesquisados mostraram crescimento na produção, com destaque, além da indústria extrativa, para máquinas para escritório e equipamentos de informática (46,6%), farmacêutica (13,2%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (12,9%).

A economista observou também que o aumento de 0,1% na produção industrial em outubro ante setembro foi resultado da expansão em 13 dos 23 ramos pesquisados nessa base de comparação. Os destaques positivos foram máquinas, aparelhos e materiais elétricos (2,5%), refino de petróleo e produção de álcool (0,9%) e outros produtos químicos (0,8%).

Investimentos

Outro dado positivo da indústria em outubro foi o incremento em bens de capital, que sinalizam investimentos. Apesar da queda de 3,9% ante mês anterior, ressalvada por Isabella por causa da volatilidade dessa comparação nessa categoria, houve aumento de 2,1% na produção de bens de capital em outubro ante igual mês do ano passado, puxado por equipamentos para energia elétrica (52,2%) e para construção (34 7%).

Houve expansão também em bens de capital para transporte (3,0%) e para uso misto (que inclui computadores, 1,9%). Os bens de capital para uso agrícola (-42,2%) continuaram despencando como tem ocorrido desde o início deste ano e os bens de capital para fins industriais (-10,0%), que mostram investimentos na própria indústria, também registraram mau desempenho.

A economista do IBGE destacou que as importações de bens de capital continuam em crescimento (26,5% na média diária em outubro ante igual mês do ano passado), o que, assim como os dados da produção de bens de capital, podem significar recuperação dos investimentos em alguns segmentos.

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