Risco de crises na América Latina é real, aponta estudo

A consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU) alertou que a América Latina é a região emergente mais vulnerável a uma desaceleração acentuada da economia dos Estados Unidos e a um maior aperto monetário nos países ricos, dois dos grandes temores que estão ajudando a alimentar a correção negativa nos mercados iniciada na terça-feira.

O Brasil não escapa dessa avaliação. A consultoria salientou que o Brasil e outros grandes países latino-americanos fortaleceram os fundamentos econômicos nos últimos anos e, por isso, não deverão enfrentar dificuldades de financiamento caso ocorra uma crise internacional. Uma crise, no entanto, não é o cenário mais provável cogitado pela EIU, que prevê crescimento de 3,3% para o PIB mundial em 2007, desempenho inferior aos 3,9% de 2006, mas ainda considerado positivo.

?Entretanto, o risco de crises financeiras na América Latina ainda é real?, informou a consultoria em relatório. ?O elevado nível da dívida pública do Brasil (cerca de 50% do PIB em 2006) e o fato de precisar rolar um quarto da dívida interna a cada ano significa que o País continua muito vulnerável a mudanças no sentimento dos mercados de capitais internacionais.

Segundo a consultoria, os elevados juros no Brasil têm estimulado substanciais fluxos de capital estrangeiro em busca dos retornos mais altos. Os principais riscos de curto prazo para a estabilidade dos mercados financeiros mundiais estão ancorados na economia americana, cujas perspectivas não justificam os ganhos acumulados nos últimos meses em Wall Street. ?Qualquer correção nesse desequilíbrio teria implicações para os mercados financeiros em geral.

A EIU observou que América Latina é caracterizada pela dependência do consumo americano, embora esteja diminuindo por causa do crescimento da China. ?Grandes necessidades de financiamento externo na região, decorrentes da rolagem substancial da dívida externa, continuam preocupando.

De acordo com a consultoria, o avanço da América Latina deverá cair dos cerca de 5% em 2006 para a média de 4,1% em 2007 e 2008. ?E o impacto positivo de uma recuperação nos Estados Unidos em 2008 será compensado pela queda dos preços das commodities.

Para a EIU, o ajuste iniciado na terça-feira com a queda de quase 10% na Bolsa de Xangai reuniu quase todas as ameaçam à economia mundial.

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