Resposta ao desemprego

O ministro do Trabalho, Jacques Wagner, pretendia lançar, no dia 1.º de maio, o programa Primeiro Emprego. Não deu. Alguns dizem que foi porque não se chegou a um acordo sobre como deverá ser esse programa. Outros, porque a política de restrição fiscal e os cortes no orçamento impediram o início pelo Ministério do Trabalho do programa que visa incentivar as empresas a dar, aos jovens que vão se iniciar no mercado de trabalho, uma primeira oportunidade.

O senador paranaense Osmar Dias, ainda na legislatura passada, apresentou projeto nesse sentido, que deve estar repousando em alguma gaveta, quando poderia estar sendo aproveitado, pelo menos como subsídio, pela atual administração.

O grande problema do jovem que nunca trabalhou é que os empregadores exigem experiência anterior, níveis de escolaridade às vezes ainda não alcançados e, não raro, treinamento específico para as funções que requisitam mão-de-obra. Como o jovem compete num mercado de trabalho em que há mais oferta do que procura, pois estamos iniciando um perigoso processo de recessão, para cada vaga existem centenas, milhares de candidatos, a grande maioria sem aqueles requisitos. Quase todos encontram as portas fechadas, o que justifica até o aumento da marginalidade, quase que forçada pela impossibilidade de trabalhar e conseguir a própria subsistência. Assim, um programa de estímulo à concessão do primeiro emprego é, evidentemente, uma necessidade.

Mas o ministro Wagner, como em tantas outras vezes, vem com idéias equivocadas, como quando falou em acabar com a multa rescisória nas demissões sem justa causa; com o fim do 13.º salário e outras medidas que são inalienáveis avanços sociais para a classe trabalhadora. Desta vez, o ministro afirma que o programa Primeiro Emprego será uma resposta aos índices de desemprego divulgados na semana passada pelo Dieese. Tais números revelaram que em São Paulo, maior centro econômico do País, o desemprego bateu um recorde, chegando a 20,6% da população economicamente ativa. É óbvio que importa um programa de primeiro emprego eficiente. Também que, se promover a colocação de jovens, poderá alterar a estatística geral do desemprego. Entram os jovens inexperientes, porém carentes de trabalho e de oportunidade de adquirirem experiência, e compensam, nos números das estatísticas, os trabalhadores mais velhos, mais experientes, muitos deles, se não a grande maioria, pais de família, com mulheres e filhos, que estão no olho da rua. É trocar seis por meia dúzia. Ou cinco.

As estatísticas do desemprego ou dos níveis de emprego são importantes para orientar as políticas governamentais do setor. Mas não é nenhum consolo para quem está desesperado, procurando emprego há muitos meses, se não há mais de ano, passando fome e não tendo nada para levar para casa, para alimentar a família, saber que o governo criou mecanismos para dar postos de trabalho para os jovens. Estes precisam e merecem uma oportunidade. E aqueles também, se não até mais.

O que é preciso é uma política de empregos para os jovens – de primeiro emprego – e uma política para os que perderam o emprego e não encontram recolocação. Isso só se consegue com desenvolvimento econômico, e aí entram ingredientes como menores taxas de juros, formação e aplicação de capitais, redução da carga tributária e tudo o mais que se vem fazendo, porém exatamente da forma contrária…

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