Requião encaminha proposta de emenda constitucional por iniciativa popular

?O artigo tal como redigido representa inequivocadamente um obstáculo insuperável ao exercício, pelo povo, de seu poder de apresentar projetos de lei à Assembléia Legislativa. As exigências aí estabelecidas superam, de longe, a capacidade de mobilização popular não oficial, desacorçoando todos os esforços nesse sentido?, argumenta o governador em sua mensagem endereçada ao deputado Hermas Brandão, presidente da AL.

Requião acredita que sua proposta de emenda constitucional vai possibilitar ampla oportunidade para o exercício da soberania do cidadão paranaense no procedimento da iniciativa popular do processo legislativo, já previsto no artigo 14 da Constituição Federal, que declara que ?a iniciativa popular, juntamente com o sufrágio eleitoral, o plebiscito e o referendo, representam manifestações da soberania popular, sobre a qual se assenta o regime democrático. Portanto, trata-se de mera aplicação do princípio de que o poder emana do povo, o qual pode exercê-lo diretamente, e não apenas por meio de representantes eleitos?.

A proposta enviada para apreciação dos deputados procura, segundo o governador, remover todo e qualquer empecilho inaceitável ao funcionamento da democracia participativa no plano estadual. ?Não cabe aos representantes do povo, investidos do mal chamado poder constituinte derivado, criar obstáculos desarrazoados a manifestação da vontade popular, no exercício da soberania política?.

Participação popular

O governador decidiu estimular e ampliar a participação popular na vida pública depois da palestra feita na Escola de Governo pelo jurista Fábio Konder Comparato, para quem o povo vem sendo mantido alheio das grandes decisões que permeiam os destinos do país. ?O povo é sempre considerado um menor excluído. Somente o sufrágio pelo voto não garante a participação popular na democracia?, disse.

Comparato lembrou que 40% dos recursos do governo federal são destinados para o pagamento da dívida pública e apenas 5% para os investimentos de infra-estrutura. Depois de uma profunda análise do momento vivido pelo Brasil, com a desnacionalização da economia, o jurista disse que o caminho seria abrir institucionalmente a possibilidade do povo tomar decisões diretamente, o que já consta na Constituição Federal, mas que curiosamente o Congresso nunca permitiu essa regulamentação, ?criando obstáculos à manifestação da soberania popular?.

No Paraná, o governo do Estado se esforça para que o cidadão tenha cada dia mais poder de decisão. O Estado conta com uma ?rede de ouvidores?, instalada nas secretarias, autarquias e estatais. O Convênio da Cidadania é uma parceria que pode ser firmada entre os municípios e o governo do Estado. Com isso, cada cidade passa a ter um ouvidor municipal, que auxiliará a Ouvidoria Geral do Estado. Atualmente, 74 municípios já participam do programa.

O Paraná é pioneiro no segmento de ouvidorias públicas. A primeira foi instalada por Requião, em 1986, quando prefeito de Curitiba. Em seu primeiro mandato como governador (1991-1994), Requião criou a Ouvidoria do Paraná.

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