Requião apóia criação de unidades de conservação federais no Paraná

O governador Roberto Requião e o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos Luiz Eduardo Cheida estiveram reunidos nesta terça-feira (10) com o secretário Nacional de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente João Paulo Capobianco. O secretário veio em nome da Ministra do Meio Ambiente Marina Silva pedir o apoio do governo do estado para criação de cinco Unidades de Conservação para proteção da Araucária no Paraná.

De acordo com o secretário Cheida o governador Roberto Requião manifestou durante o encontro apoio total para a criação das cinco novas áreas no Estado. ?O impacto sobre a produção no Paraná é mínimo. Dos 96 mil hectares em áreas de proteção que serão criadas apenas seis mil hectares são formados por áreas produtivas?, afirmou o secretário. Destes 96 mil hectares, 48 mil são áreas públicas.

Segundo ele, o governo do Paraná entende que o meio ambiente equilibrado é também fator de estímulo à produção e que os agricultores não serão prejudicados com a criação de novas áreas.

?A Lei diz que área de entorno de um Parque Nacional pode ser de até 10 quilômetros. Isso quer dizer que nas áreas de entorno das unidades de conservação o produtor poderá continuar suas atividades, sejam elas, agrícola, pecuária ou madeireira. Apenas deverá ser controlado o uso de agrotóxico?, afirmou o representante da Secretaria do Meio Ambiente do Paraná no projeto de criação das áreas, Paulo Roberto Castella.

O presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) Rasca Rodrigues disse que das 59 propriedades apenas 32 sofrerão algum tipo de impacto. ?E nas regiões onde serão criados os Refúgios de Vida Silvestre, por exemplo, não há necessidade de desapropriação ou do agricultor deixar o local?, disse Rasca.

No Paraná as áreas que deverão ser criadas somam 96 mil hectares e estão localizadas nos municípios de Ponta Grossa, Castro, Tibagi, Carambeí, Imbituva, Teixeira Soares, Ipiringa, Palmeira, Tuneiras do Oeste, Cianorte, Palmas e General Carneiro.

As áreas apresentadas pelo Ministério do Meio Ambiente no Estado que serão de proteção integral de posse e domínio público são o Parque Nacional dos Campos Gerais com 21,7 mil hectares a Reserva Biológica das Araucárias com 16 mil hectares, Reserva Biológica das Perobas com 11 mil hectares.

As áreas Refúgio de Vida Silvestre do Rio Tibagi 31,6 hectares e Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas com 16,4 hectares são unidades que podem ser constituídas por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários. ?Quanto mais equilibrado o meio ambiente mais produtivo se torna uma região e estamos falando de um Estado de 20 milhões de hectares onde as áreas a serem criadas não passam de um milésimo do mesmo?, finalizou o secretário Cheida

Histórico

Em dezembro de 2002 o Ministério do Meio Ambiente editou as Portarias 507 e 508 definindo áreas prioritárias para criação de novas unidades de conservação nos Estados do Paraná e Santa Catarina com objetivo de garantir a proteção dos últimos remanescentes de araucária.

Em março de 2003, a Ministra do Meio Ambiente Marina Silva criou o Grupo de Trabalho Araucárias Sul, com o objetivo de localizar e definir as áreas prioritárias para criação das unidades de conservação. Participaram do grupo cerca de 40 técnicos de 16 instituições que percorreram mais de 41 mil quilômetros de área nos dois estados.

Entre os critérios priorizados pelo grupo para definição das unidades de conservação estão a inclusão ao máximo de áreas com cobertura florestal original (matas nativas) e campos naturais ainda preservados; manter a integridade dos fragmentos florestais e dos campos; excluir dos limites das novas unidades, sempre que possível, residências e atividades agropecuárias e a inclusão de nascentes que abastecem os rios da região do entorno.

Situação do Bioma

O Bioma Mata Atlântica é considerado Patrimônio Nacional pela Constituição Federal. Originalmente cobria mais de 1.300.000 km2 do território brasileiro. Hoje a Mata Atlântica está reduzida a 7,84%, cerca de sua cobertura florestal original.

Apesar da devastação, este bioma ainda abriga uma das mais altas taxas de biodiversidade de todo o planeta: cerca de 20.000 espécies de plantas (6,7% de todas as espécies do mundo), sendo 8.000 endêmicas, e grande riqueza de vertebrados (264 espécies de mamíferos, 849 espécies de aves, 197 espécies de répteis e 340 espécies de anfíbios).

Estudos de órgãos ambientais estaduais e federais indicam que restam no Paraná apenas 0,8% de araucárias em estágio avançado de regeneração se comparado ao que existia originalmente.

No Paraná as florestas que compõem a Mata Atlântica originalmente ocupavam 168 mil quilômetros quadrados do território do Estado. Os campos naturais, com 30 mil quilômetros quadrados e restingas e várzeas cobriam o restante do Estado. Das formações florestais, a Floresta com Araucárias se distinguia pela singularidade da paisagem e pela grande extensão de 73mil quilômetros quadrados.

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