Relatório do BC reforça cenário “benigno” de inflação

Reforçando diagnóstico já manifestado na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central avalia que o cenário "benigno" para a inflação continua se consolidando no Brasil, "com potenciais repercussões sobre o comportamento dos preços anos à frente".

Discretamente, o BC se defende hoje das críticas de que teria errado na dosagem da política monetária ao dizer que o regime de metas no Brasil entrou em uma nova fase em que é "natural que as taxas de inflação efetivamente observadas gravitem ao longo do tempo em torno do valor central" da meta. O BC realça que isso contrasta com o passado em que a inflação ficava sempre acima do centro da meta.

O Banco Central avalia, no Relatório Trimestral de Inflação divulgado hoje, que a alta recente nos índices de preços no atacado não deve se sustentar por um "período mais longo de tempo". Apesar disso, por conta dos preços agrícolas, o BC acredita que "os preços no atacado poderão deixar de contribuir favoravelmente para os preços ao consumidor, sinalizando o esgotamento de um dos fatores determinantes da desinflação observada nos últimos trimestres". O relatório divulgado hoje informa que, na visão do BC, o impacto dos preços de atacado nos índices de preços ao consumidor vai depender das condições da demanda e também das expectativas dos formadores de preços sobre a trajetória futura da inflação.

EUA

O Banco Central avalia que ainda há dúvidas sobre os próximos passos da política monetária nos Estados Unidos, "em particular sobre o ponto final do ciclo de elevação e o eventual início de um ciclo de redução das taxas de juros". De acordo com o relatório, o BC considera que as chances de os Estados Unidos entrarem em recessão "parecem" se reduzir.

"Em contrapartida, o fortalecimento das economias européia e japonesa constitui-se em fator importante para o maior dinamismo da economia mundial e ajuda a balancear os riscos de uma eventual desaceleração mais forte do que a esperada nos EUA", diz o BC no documento.

O BC também vê um cenário mais tranqüilo para os preços do petróleo no mercado internacional, que parecem estar se acomodando. "O recuo das cotações internacionais nos últimos três meses sugere que a incerteza quanto à evolução do preço do petróleo apresentou redução importante no curto prazo", diz o relatório.

Contas externas

O Banco Central afirmou, no relatório de inflação, que há um processo natural de ajustamento das contas externas no Brasil. Segundo ele, esse ajustamento é revelado pelo fato de as importações estarem crescendo mais rapidamente que as exportações. "Esse ajuste tem sido influenciado tanto pelo efeito substituição via taxa de câmbio quanto pelo efeito renda, via maior demanda agregada", afirma o BC, que acredita que o novo equilíbrio nas contas externas será encontrado a médio prazo. Apesar de falar em ajuste nas contas externas, o BC "não vislumbra reversão significativa na trajetória de vultosos saldos comerciais registrados no passado recente".

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