Reflexões sobre o terrorismo

Terrível, segundo os dicionários, é o que causa terror e produz resultados funestos. Já o termo terrorismo tem a ver com coação e ação política de combate ao poder estabelecido. Ao ouvirmos falar em terrorismo, logo associamos à destruição e grande número de mortos e feridos, geralmente vítimas inocentes, em ato provocado por radicais religiosos ou políticos. Bali, Colômbia, Israel, Turquia, Rússia, Paquistão são alguns dos países freqüente ou recentemente atingidos. E quem esquece das estações e trens da Espanha e do 11 de setembro nos Estados Unidos?

Para todo crente na existência de um Ente Superior e capaz de imaginá-lo possuidor de atributos exclusivos como onipotência (todo poder), supremas inteligência, justiça e bondade e onisciência (todo saber), é inevitável a pergunta: por que Ele determina ou permite tais acontecimentos?

Diz-se que constituem expiações coletivas desencadeadas pelos mecanismos da lei de causa e efeito elaboradas pelas próprias personalidades envolvidas, provavelmente em vidas passadas. Tal qual cada indivíduo, ao valer-se do livre arbítrio, é o agente ativo e consciente da maioria dos atos de sua vida pessoal e assume responsabilidade proporcional por eles, arcando, diante de Deus, com as conseqüências, também a vida social, na família, cidade, país e o planeta como um todo, sofre os efeitos do somatório das interações de todos aqueles que a compõem.

Contudo, ao consultarmos O Livro dos Espíritos, observamos que nada ali fala sobre expiações coletivas e sim em necessidade de progresso, regeneração moral e provas. Os flagelos servem para fazer a humanidade avançar mais depressa, Deus emprega diariamente também outros meios para esse objetivo e as guerras desaparecerão quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a sua lei, tornando todos os povos irmãos.

Embora não negando a vigência de leis divinas reguladoras da conduta humana e as muitas ocasiões em que dezenas e até milhares de pessoas são reunidas para um oportuno e necessário reajuste perante aquelas, cremos que nem todas as pessoas que perdem a vida assim, estão sofrendo punição por erros cometidos em vidas pretéritas. Muitas podem ter escolhido este gênero de morte para apressar o progresso espiritual e outras nem estavam programadas para morrer naquele local e momento, mas não puderam ser separadas. O interesse coletivo pode ter se sobreposto ao individual. Para estes, segundo a questão 738b da obra citada, haverá uma larga compensação para seus sofrimentos, incluindo os familiares, desde que suportarem tudo resignadamente.

A 853 afirma que o planejamento reencarnatório elaborado ainda na dimensão espiritual contempla a previsão sobre o momento e o gênero de morte. Há quem raciocine que todas as cerca de 3000 vítimas do World Trade Center, necessariamente, eram pessoas gravemente comprometidas espiritualmente e que, assim, quitaram tais débitos. A assertiva é regra geral e não absoluta. O suicídio antecipa o momento e altera o gênero e há quem receba uma sobrevida fins conclusão de missão especial, sem falar nos casos de comatosos e a vida artificial mantida por aparelhos cujo desligamento pode acarretar momentos diferentes para a morte.

Muitos espíritos, por incapacidade, não participam daquele planejamento, ficando à mercê das circunstâncias e ações de outros que lhes impõem uma vontade mais forte, coagindo-os física, intelectualmente, social, econômica e espiritualmente. É o livre arbítrio do mais forte convertendo-se em determinismo ao mais fraco, tal qual ocorre com o instinto em relação aos animais.

Do lado dos terroristas, apesar das variadas motivações, não reencarnaram com tal missão. Novamente recorrendo aos ensinamentos dos Espíritos, vemos que (Q. 851) a fatalidade resulta da própria escolha prévia, isto no tocante às provas de natureza física porque nas morais o espírito, conservando o seu livre arbítrio sobre o bem e o mal, sempre é senhor de ceder ou resistir. No último instante, os homens-bomba podem evitar a tragédia se o quiserem. Mas, agindo por livre e espontânea vontade, assumem um gravíssimo ônus moral que terá que ser ressarcido um dia.

Nosso planeta e todos seus viajores não estão a deriva no cosmo. Naturais ou não, tragédias assim são lições importantes e necessárias correspondentes ao estágio em que nos encontramos. Acompanharão a humanidade até que os bons tornem-se maioria e muitos dos recalcitrantes sejam impedidos de aqui reencarnar para perturbar a paz e o progresso.

(Coluna sob responsabilidade da Associação de Divulgadores do Espiritismo do Paraná ADE-PR. E-mail: adepr@adepr.com.br )

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