Reconstrução da Ponte não teve aval da Secretaria da Cultura

O projeto das obras de reconstrução da histórica ponte ferroviária sobre o rio São João – executado pela América Latina Logística (ALL) um ano depois de um acidente que a destruiu parcialmente e prestes e ser reinaugurada oficialmente – não teve o aval da Secretaria Estadual da Cultura.

Segundo entidades ligadas ao patrimônio histórico, a ALL não manteve as características originais da ponte e o governo do Paraná exige, através de ação civil pública, a retomada da arquitetura histórica.

A preocupação está sendo manifestada pelo Conselho do Patrimônio Histórico da Secretaria da Cultura. O conselho é formado por representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Câmara de Vereadores, Ministério Público, Universidade Federal do Paraná, Secretarias Municipais da Cultura, Federação das Indústrias do Paraná, entre outras entidades.

A ação civil pública para que sejam recuperadas as características históricas da ponte foi protocolada pela Procuradoria Geral do Estado (PGE).

De acordo com a secretária da Cultura, Vera Mussi, logo depois do acidente ocorrido no dia 19 de junho de 2004, as obras começaram sem que a empresa ALL, concessionária do serviço de transporte ferroviário no trecho, apresentasse o projeto de restauro. ?Quando o projeto chegou, os trens já estavam passando pela ponte novamente. Nós não aceitaremos qualquer obra sem que o Conselho do Patrimônio Histórico aprove rigorosamente o projeto?, destacou.

Na análise dos técnicos da Secretaria de Estado da Cultura, foram usados perfis de aço diferentes dos originais. Algumas áreas da ponte, acrescentam os técnicos, não foram restauradas, mas apenas reforçadas e revestidas, e o desenho da cabeceira também é diferente do anterior. ?Para que a ponte voltasse a funcionar num curto período de tempo, a ALL optou por executar um trabalho mais rápido e econômico?, denuncia Vera Mussi.

Em função das irregularidades, o juiz Fernando Andriolli Pereira, concedeu, no último dia 9, tutela antecipada solicitada pela PGE que impede que a ALL faça qualquer reparo na ponte sem a autorização da Secretaria de Estado da Cultura. O juiz exige ainda a retirada ? em 30 dias, sob pena de multa diária de R$ 10 mil – e todos os entulhos que porventura estejam causando poluição.

A ponte sobre o rio São João tem 110 metros de comprimento e um vão principal de 70 metros. Ela está localizada em Morretes, no km-62 da ferrovia Paranaguá ? Curitiba e foi parcialmente destruída por um acidente ferroviário ocorrido em 19 de julho de 2004, quando 35 vagões despencaram da ponte, espalhando ferragens e várias toneladas de soja, açúcar e milho nas margens e no leito do rio. Devido aos graves danos ambientais causados no descarrilamento, a empresa ALL foi multada em R$ 1 milhão pelo Instituto Ambiental do Paraná.

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