Queda no consumo externo de frango leva setor a reduzir atividades

As empresas brasileiras da cadeia do frango, segundo setor do agronegócio e líder mundial na comercialização do produto, devem reduzir as atividades por causa do avanço da gripe aviária, que provocou queda no consumo, principalmente no continente europeu. Segundo o diretor executivo da União Brasileira da Avicultura (UBA), Clóvis Puperi, a situação deve ser emergencial e durar pouco tempo. Ele acredita que o problema esteja contornado no segundo semestre deste ano.

Puperi informou que o agravamento da situação de mercado levou a entidade a ampliar uma recomendação feita em fevereiro a seus 400 associados, de que diminuissem de 5% a 10% para 15% a 20% o número de aves nos alojamentos (onde são criadas). Isso equivale à média de 300 milhões de aves ao mês contra 365 milhões (número anterior à medida).

Sobre o impacto da medida nos empregos do setor, Puperi afirmou que cada empresa é que terá de avaliar sua real capacidade de não cortar vagas. "Cada empresa está procurando se adequar da melhor maneira possível, e algumas já concederam férias coletivas", disse Puperi. Ele defendeu a necessidade de equilibrar a oferta do produto para evitar o risco de um forte declínio de preços no mercado interno, o que implicaria graves prejuízos para o setor. Puperi comparou a situação dos empresários italianos com a dos brasileiros, dizendo que, na Itália, eles "receberam uma ajuda de 100 milhões de euros para enfrentar o problema".

Para ele, o consumidor europeu é mais esclarecido e, rapidamente, se dará conta de que tudo não passa de um impacto gerado por notícias alarmistas. "Cada dia há uma notícia pior do que a outra. Hoje mesmo fala-se que a Alemanha pode suspender compras, mas há mais mortes por acidentes de trânsito no Brasil e por gripe comum nos Estados Unidos e nos conflitos do Oriente Médio do que as registradas por causa da gripe aviária", ressaltou.

De acordo com o empresário, na Ásia, onde surgiu a doença, o governo e a população já convivem com a questão sem problemas e isso, gradativamente, deve se estender por outras localidades afetadas pelos focos. "Como no Brasil nenhum caso foi registrado e não temos o problema das aves migratórias, nossa posição é de cautela e prevenção", disse.

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