Queda na produção da agroindústria

São Paulo (AE) – Os segmentos da agroindústria que dependem dos investimentos no campo vem apresentando desempenhos medíocres em 2006, segundo mostra levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a Agência Estado. No acumulado de janeiro a agosto deste ano, na comparação com igual período do ano passado, houve queda na produção de alimentos para animais e rações (-1,9%); adubos, fertilizantes e corretivos para o solo (também -1,9%); defensivos agrícolas (-5,2%) e tratores, máquinas e equipamentos agrícolas (-19,6%).

O economista Fernando Abritta, da coordenação de indústria do IBGE, explica que o segmento de tratores e máquinas é o que mais depende de financiamento e, como os produtores agrícolas estão amargando altos índices de endividamento e baixa rentabilidade, acabam renunciando a esses investimentos. Ele explica que a queda do poder de compra dos agricultores também provocou o recuo na produção de adubos e fertilizantes, enquanto a crise na pecuária bovina e suína – provocada por problemas sanitários já contornados no Brasil, mas que ainda repercutem no mercado externo -, além da gripe aviária, levou à queda na produção de alimentos para animais e rações.

O IBGE só divulga dados fechados de agroindústria ao final de cada semestre. Os resultados relativos ao segundo semestre deste ano só serão apresentados em fevereiro do ano que vem, mas Abritta fez o levantamento de alguns segmentos importantes para o setor até agosto. Segundo ele, é importante avaliar os desempenhos em termos acumulados porque há muito efeito sazonal no setor, e análises mensais não refletem a realidade agroindustrial.

Segundo Abritta, um dos principais destaques no desempenho da agroindústria de janeiro a agosto é que os segmentos mais voltados para o mercado interno apresentaram bons resultados no período. É o caso da indústria de resfriamento e preparação de leite e laticínios (3,0%), beneficiamento de arroz (4,2%) e moagem de trigo (farinha de trigo e derivados, com 1,5%). Abritta explica que esses três segmentos foram beneficiados pelo aumento da renda familiar e a queda da inflação dos preços alimentícios, fatores que elevaram o consumo desses produtos no mercado doméstico.

Por outro lado, houve queda acumulada na produção agroindustrial de óleo de soja em bruto, farinhas e farelos de soja (-8,1%), segmento ligado à produção agrícola voltada especialmente para exportação e que sofreu com a valorização do real e a queda de preços internacionais. Houve redução acumulada também em abate de bovinos, suínos e preparação de carnes (-0,1%), por causa dos já citados problemas sanitários e, ainda, em abate de aves e preparação de carnes de aves (-3,9%), devido à queda mundial de consumo por causa da gripe aviária.

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