Queda “generalizada” desacelerou IGP-M em fevereiro

A queda de preços "generalizada" no atacado, principalmente da soja (-3,58%) foi determinante para a desaceleração na taxa do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que subiu apenas 0,01% em fevereiro, ante alta de 0,92% em janeiro. A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.

Ele comentou que, no IGP-M de fevereiro, houve deflações importantes, como em produtos agrícolas (de 2,09% para -0,76%); e desacelerações de preços expressivas como em produtos industriais (de 0,79% para 0,16%), de janeiro para fevereiro, no atacado. "Praticamente tudo caiu, ou desacelerou no atacado. Portanto, podemos chamar isso de queda generalizada no atacado", disse.

O economista observou que o cenário da inflação, de uma maneira geral, está apresentando uma conjuntura muito positiva, no momento, principalmente nos produtos relacionados ao atacado. Como exemplos, ele citou o bom comportamento de produtos de peso No atacado, os preços dos combustíveis e lubrificantes desaceleraram (de 2,57% para 1,18%) de janeiro para fevereiro.

Além disso, foram registradas deflações importantes em alimentos in natura (-1,31%) e alimentos processados (-0,59%) no mesmo período. "No curto prazo, o cenário da inflação é favorável", disse.

Projeções

A próxima taxa do IGP-M, referente a março, deve ser abaixo de 0,80%, mas não tão reduzida quanto à registrada em fevereiro (0,01%). Segundo Salomão Quadros isso ocorrerá "a não ser que haja um choque (de preços)" imprevisto, a taxa deve vir bem abaixo de 0,80%.

"Um patamar de 0,80% é um patamar máximo (para os próximos dois meses)", considerou, não descartando, entretanto que esse cenário possa mudar, caso haja alguma alta generalizada de preços imprevista em algum produto ou segmento. "Mas não parece que isso vai ocorrer", disse.

Entre os fatores positivos citados pelo economista no cenário da inflação está o começo da safra de vários produtos importantes no atacado – o que melhorará a oferta dos itens, derrubando assim os preços. Embora sem fazer previsões específicas para o IGP-M de março, Quadros comentou que a taxa média de inflação no indicador, no período de um ano e meio, tem sido em torno de 0 30% a 0,40%.

Outro tópico levantado pelo economista foi a evolução da taxa acumulada de 12 meses do IGP-M. Ele observou que, para os próximos dois meses, a taxa acumulada do indicador, que registra até fevereiro alta de 1,45%, deve continuar abaixo de 2% nos próximos dois meses. "Teremos uma taxa acumulada baixa, nos próximos meses, o que deve ajudar os reajustes em tarifas", disse, lembrando que o IGP-M é indexador de vários preços administrados.

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