Queda dos Juros básicos fica em apenas 0,5 ponto porcentual

O Comitê de Política Monetária (Copom), em sua última reunião do ano, mais uma vez resistiu às pressões para uma aceleração da queda dos juros e optou pelo corte de 0,5 ponto porcentual na taxa básica da economia (Selic). Com isso, o País termina 2005 com a Selic em 18% ao ano e a taxa de juro real (descontada a inflação para os próximos 12 meses) acima de 12% ao ano – a maior do mundo.

A decisão confirmou a aposta majoritária do mercado financeiro, mas, ao contrário do que vinha ocorrendo nos últimos encontros, não houve unanimidade. Dos oito diretores, dois votaram a favor de uma redução mais agressiva de 0,75 ponto porcentual.

Ao divulgar a decisão, o Banco Central (BC) repetiu o texto do comunicado da reunião passada: "Dando prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária iniciado na reunião de setembro de 2005, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 18% ao ano, sem viés, por seis votos a favor e dois votos pela redução da taxa Selic em 0,75 ponto porcentual."

Esta foi a quarta queda consecutiva da taxa Selic, que voltou ao menor nível desde a reunião de dezembro de 2004, quando os juros estavam em 17,75% ao ano. O resultado mais uma vez frustrou economistas e empresários, que esperavam um corte mais agressivo, especialmente depois do desempenho negativo da economia no terceiro trimestre. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) de julho a setembro caiu 1,2%.

"Foi uma decisão frustrante, pois havia espaço para um corte de pelo menos 0,75 ponto nesta reunião", afirma o professor Tharcísio Souza Santos, diretor do Faap-MBA. Na sua avaliação, os indicadores econômicos mostram que havia oportunidade para acelerar a queda da Selic ainda neste ano. Além disso, a redução dos juros poderia contribuir para controle da queda do dólar frente ao real.

Santos afirma que boa parte da valorização do câmbio deve-se ao elevado juro real brasileiro combinadoa com a alta liquidez do mercado externo. Com as taxas internacionais nos menores níveis dos últimos anos, os investidores procuram opções mais rentáveis, como os papéis dos mercados emergentes. Neste cenário, o Brasil tem se mostrado um ótimo destino para o capital estrangeiro. Com alta especulação, o real se valoriza frente ao dólar.

Na opinião do economista-chefe do ABN Amro Asset Management, Hugo Penteado, a decisão do Copom cumpriu a expectativa da instituição. Ele explica também que houve um repique da inflação nas últimas semanas, o que pode ter influenciado os diretores do Copom a reduzir apenas 0,5 ponto. Em relação à atividade econômica, Penteado afirma que houve apenas uma queda temporária. "O que importa para o BC é o aumento da capacidade de produção." Mas para a reunião de janeiro, o economista acredita que seja possível acelerar o corte para 0,75 ponto.

Para o economista-chefe da GAP Asset Management, Alexandre Maia, a discussão de aceleração da queda dos juros continuará muita viva nos próximos meses. O economista do Banco Santander Constantin Jancso acredita que o fato de a decisão pelo corte de 0,5 ponto da Selic não ter sido unânime aumenta a probabilidade de reduções maiores nas próximas reuniões.

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