Quebrado sigilo de agente acusado de leiloar armas em Bangu 1

A Justiça do RJ decretou hoje a quebra dos sigilos bancário e telefônico do agente do Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe) Marcus Vinícius Tavares Gavião, o Playboy, de 27 anos. Ele é acusado pela Polícia Civil de ter fornecido três armas e as chaves da prisão para os integrantes do Comando Vermelho promoverem a rebelião, que deixou quatro presos em Bangu 1, em 11 de setembro.

Depoimentos de mais de 20 funcionários do presídio de Bangu 1 associaram o nome de Gavião ao motim. Equipes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e da Coordenadoria de Inteligência da Polícia (Cinpol) acompanhavam o agente desde sexta-feira. Eles o prenderam às 22h de segunda-feira, em casa.

De acordo com o traficante Marcelo Soares de Medeiros, o Marcelo PQD, o agente fez um leilão entre as facções Comando Vermelho e Amigos dos Amigos (ADA) pelas armas e chaves das portas. Ernaldo Pinto Medeiros, o Uê, havia oferecido R$ 200 mil. Foi delatado por Alexander Nogueira, o Careca (ADA), aos rivais, que ofereceram o dobro.

Os líderes do CV Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, acabaram usando as armas para executar os inimigos, entre eles Uê.

Ricardo Hallack, titular da Draco, indiciou Gavião por seis crimes – cárcere privado, facilitação de fuga, motim de presos, arrebatamento de presos (tirá-los de lugar seguro), tentativa de evasão e por ceder arma de fogo aos detentos. Gavião está com prisão provisória decretada.          O agente estava escalado para a equipe das 8h no dia do motim, mas não foi ao trabalho. Alegou ter sofrido um acidente de carro, mas não anotou a placa do outro veículo. ?Ele mente com uma tranqüilidade incrível. Ou é maluco ou muito cínico?, disse Hallack. Entre os colegas, é tido como um mau funcionário e já responde a um inquérito por falsidade ideológica. Na última quinta-feira, foi ao médico por causa de uma ?crise de ansiedade?. ?Sabia que a gente estava atrás dele?, disse o delegado.

Para a polícia, Gavião entrou com as armas sem passar pelo detector de metais. Outros agentes informaram que ele sempre chegava mais cedo e diversas vezes foi flagrado armado, tentando entrar na penitenciária sem passar pelo detector, o que é proibido. Os funcionários têm direito a porte de arma, porém não podem usá-las dentro da prisão, por segurança.

Hoje a polícia tomou o depoimento de três presos no Batalhão de Choque da PM: Marcos Marinho dos Santos, o Chapolim, Márcio Silva Macedo, o Gigante, e Marco Antônio Firmino da Silva, o My Thor. Até a noite a polícia não havia revelado o teor dos depoimentos. Amanhã é a vez de Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém.

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