PT tem muito a comemorar, diz Berzoini

O presidente do PT, Ricardo Berzoini, afirmou ontem, data em que o partido comemorou 26 anos, que o PT tem muito a comemorar, especialmente no que diz respeito à sua história de conquistas importantes na democracia brasileira. "Temos que comemorar principalmente porque superamos uma crise grave, uma crise na qual nossos adversários tentaram desmantelar o PT e inviabilizar a disputa política que faremos em 2006. Estamos comemorando exatamente isso. A capacidade de resistência de militância e de atuação democrática do PT", disse em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Segundo Berzoini, o PT ingressará hoje na Justiça com o pedido de abertura do processo contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por ele ter afirmado que "a ética do PT é roubar". "O ex-presidente não ofendeu apenas a instituição PT, ele ofendeu o conceito ético de 840 mil filiados em todo o Brasil, pessoas que lutam no movimento sindical e no movimento social, que construíram uma trajetória de ética e de combate à corrupção. O que ele fez foi extremamente infeliz, porque tentando entrar no jogo político, na disputa eleitoral, ele atentou contra pessoas que estão lutando por um Brasil melhor."

Berzoini disse respeitar a decisão do presidente Lula de não lançar sua candidatura antes do prazo. "O que o presidente está dizendo, claramente, e eu acho que ele está sendo muito sincero nisso, é que ele como governante tem o direito de decidir sobre a sua candidatura. Lula está fazendo aquilo que acha que deve fazer. Ou seja, percorrer o Brasil, conversando com a população e apresentando resultados do seu governo. Lula tem uma margem de decisão que evidentemente é só dele. Mas não adianta pressioná-lo."

O presidente do PT negou ainda que o partido já tenha definido o nome do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para coordenar a campanha de reeleição. "Essa discussão não foi feita ainda com o ministro Palocci. Não temos nenhuma restrição ao nome dele, mas não há nenhuma definição sobre isso."

O presidente do PT não poupou críticas aos pré-candidatos do PSDB à reeleição José Serra e Geraldo Alckmin. "O prefeito de São Paulo, José Serra, vai ter que se explicar por que prometeu ficar os 4 anos na prefeitura e vai sair deixando um vice-prefeito que a população praticamente não conhece. O governador Geraldo Alckmin é pouco conhecido nacionalmente e terá que discutir durante a campanha questões relativas à gestão da Febem e à segurança pública."

O presidente do PT considerou um exagero as recentes declarações de que Lula só conseguirá vencer as eleições caso faça uma aliança com o PMDB. "O PMDB é um partido importante com o qual nós temos relações políticas positivas. Mas ele não é um partido que possa avocar para si o fiel da balança na eleição. Temos um acordo programático de 2007 a 2010 com bases muito claras com relação ao que se pretende para o Brasil com o apoio de um arco de alianças bastante grande. Inclusive com o PMDB. Nós respeitamos o processo interno que eles estão tendo com dois pré-candidatos neste momento, mas o diálogo não se esgota no mês de março, nem em abril."

Sobre o desgaste da imagem do PT, que sempre teve a ética como uma de suas principais bandeiras, Berzoini disse que o partido precisa ter coragem e franqueza para tratar dos problemas que ocorreram. "Os problemas ocorreram e foram identificados. Não são aquilo que muitos setores da oposição e da própria mídia tentam caracterizar." Segundo Berzoini, o mensalão não existiu. "A denúncia original do deputado Roberto Jefferson não foi comprovada e não será porque não houve. Houve trânsito de recursos de maneira irregular, chamado caixa 2 eleitoral. O fundamental é o PT não deixar o debate se concentrar nesta questão porque a oposição quer levar para este lado. Do ponto de vista do balanço de governo, a oposição não tem o que falar. Eles precisam levar para este lado para tentar indispor o eleitorado com a candidatura do PT que nós pretendemos que seja do presidente Lula."

Berzoini alertou que se o financiamento público de campanhas não for aprovado pelo governo, há um grande risco de os candidatos recorrem ao caixa 2 nas próximas eleições. "O risco de haver caixa 2 é grande porque durante a campanha os candidatos podem se sentir tentados a aceitar contribuições não contabilizadas. Se nós não tivermos a coragem de discutir o sistema de financiamento eleitoral do Brasil, o risco de prosseguir é muito grande. Porque a lei determina que só se pode fazer finanças de campanha a partir do começo da campanha e todo o processo de planejamento anterior quem é que banca? É fundamental entender que, sem financiamento público e sem uma regra muito rigorosa em relação à fiscalização, o risco de continuar a existir ilegalidade sempre haverá."

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