Próximo papa terá de tomar decisões críticas para o futuro da Igreja

América Latina terá um papel central na definição do próximo papa. A avaliação
é de Marco Politi, um dos vaticanistas mais conhecidos da Itália e analista do
diário La Republica. Em entrevista à AE, o especialista acredita que a região
poderá ser decisiva na definição se o novo pontífice será de um país pobre ou se
será europeu.

Para ele, os cardeais terão um grande desafio para
preencher o "vácuo" a ser criado com a morte de João Paulo II. "Ele tinha um
poder na mídia e era tão carismático que não será fácil substituí-lo", afirmou
Politi.

Na avaliação do vaticanista, se o próximo papa for de um país em
desenvolvimento, há grandes chances de que seja latino-americano. "O grupo
latino-americano, somando ainda Portugal e Espanha, está entre os grupos mais
poderosos dentro do colégio de cardeais. Nomes como o do mexicano Norberto
Rivera Carrera, do brasileiro Cláudio Humes, além de um hondurenho e de um
argentino estão entre os mais citados quando se fala de América Latina",
afirmou.

Ainda serão necessários 20 dias antes de que os bispos se reúnam
para votar. "Muitos cardeais estão desorientados. Não sabem que escolhas tomar",
avaliou Politi.

Apesar do vácuo criado, o analista acredita que o
Vaticano terá de trabalhar para lidar com questões que ficaram paralisadas nos
últimos anos. Uma delas é a relação com a Igreja Ortodoxa. "Essas relacões estão
congeladas e precisam de novo ímpeto". Outro desafio, em sua avaliação, é a
falta de padres. "Precisará haver alguma definição sobre o que fazer e como
lidar com a possibilidade do casamento de padres", afirmou, lembrando que a
situação da mulher na Igreja também terá de ser redebatida.

"Mas acima de
tudo, as questões mais delicadas são as da democratização e da descentralização
da Igreja. A Igreja não pode ser regida de uma forma absolutamente monarquista
como era há 500 anos quando praticamente existia apenas na Europa. Hoje, a
Igreja tem mais de 1 bilhão de seguidores em todo o mundo",
explicou.

"Hoje, tudo depende do papa. É verdade que algumas iniciativas
foram tomadas, como internacionalização da cúria. Mas ele é ainda quem tem todo
o poder. Isso precisa ser mudado. Não será uma revolução, mas muitos bispos
moderados gostariam de ter uma palavra nas decisões que são tomadas pela
Igreja", afirmou Politi.

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