Próxima reunião sobre juro, em novembro, divide analistas

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu ontem à noite em 0,5 ponto porcentual a taxa básica de juros (Selic), para 13,75% ao ano – o menor nível desde que essa taxa foi criada, em 1986. Apesar disso, o juro real (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses) brasileiro continua o maior do mundo, em 9,3% ao ano. Essa taxa já esteve em 9,2% em 2004, antes do ciclo de aperto monetário, que foi de setembro de 2004 a maio de 2005

A decisão de ontem, unânime e sem viés (tendência), confirmou a expectativa majoritária do mercado financeiro, que apostava na continuidade do ritmo de queda da taxa por causa dos índices comportados de inflação e pelo modesto crescimento econômico do País.

No comunicado divulgado após a penúltima reunião do ano, o Banco Central (BC) repetiu a frase do encontro realizado em agosto, cujo resultado foi igual ao de ontem, e afirmou que a decisão foi baseada em avaliações macroeconômicas e perspectivas de inflação. Trata-se do 11º corte consecutivo, desde setembro do ano passado, quando teve início a queda da Selic.

Nesse período, os dirigentes do BC reduziram os juros em 6 pontos porcentuais, de 19,75% para 13,75% ao ano. Foram três reduções de 0,75 ponto porcentual, sete de 0,50 ponto e uma de 0 25 ponto. Apesar de ser o maior período de afrouxamento da política monetária da história, o País continua na liderança dos maiores juros reais do mundo. Segundo levantamento da consultoria UpTrend, com o corte de 0,5 ponto, a taxa real do Brasil caiu de 9,4% para 9,3% ao ano, à frente de Turquia (6,2%) e China (4,8%). A explicação está na redução das perspectivas de inflação. Apesar de a taxa nominal cair, a inflação também recuou, explica Jason Vieira, da UpTrend.

O fato colabora para a gritaria do setor produtivo e para as apostas de continuidade da queda dos juros na reunião do Copom que ocorre nos dias 28 e 29 de novembro, a última do ano. Segundo o economista-sênior do Unibanco, Darwin Dib, a trajetória favorável dos índices de inflação para 2007 leva a crer que o período de queda da Selic esteja longe do fim. A expectativa dele é de que na reunião do mês que vem o BC reduza a Selic em 0,25 ponto. "Mas, dependendo dos indicadores de inflação e atividade econômica nesse meio tempo, pode vir mais 0 5 ponto", diz ele, que também espera corte de 0,25 ponto nas primeiras quatro reuniões de 2007.

Para o economista do Banco Prosper Carlos Cintra, se o cenário atual se mantiver até a próxima reunião, a redução pode ser de 0 5 ponto. Isso porque o ritmo da atividade está fraco. "A economia ainda não sentiu o impacto do corte de 6 pontos porcentuais nos juros desde setembro de 2005. O estímulo ainda não apareceu na demanda.

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