Professores têm pouco o que comemorar nos últimos anos

No Dia do Professor, a categoria não teve muito que comemorar. A profissão sofre cada dia mais com a desvalorização e o desrespeito. Investimentos em salários e políticas públicas são alguns dos pontos que, de acordo com profissionais da área, poderiam melhorar a carreira de professor.

Enfrentar uma turma de 35, 40 alunos diariamente não é uma tarefa fácil. Ainda mais quando os estudantes não se interessam em aprender o que está sendo apresentado pelo professor. A culpa não é somente do docente, o desinteresse e o desrespeito por parte dos alunos são cada vez mais comuns no País.

O respeito ao profissional foi deixado de lado e substituído pelo enfrentamento, pelas agressões verbais ou físicas. Essa violência é fruto de uma sociedade carente e, para piorar, desassistida pelos governos. Prova disso são os resultados do Enem, em que escolas públicas aparecem como destaque negativo.

A educação, segundo Oswaldo Alves de Araújo, diretor de uma escola, deveria ser prioridade, e não discurso de campanha eleitoral. ‘As políticas públicas estão muito aquém dos anseios da categoria‘, dispara.

Diferente do que acontece no Brasil, a carreira de professor é extremamente valorizada em vários países. ‘Na Finlândia, por exemplo, a profissão é uma das mais procuradas dentre os jovens. Já no Brasil essa mesma profissão é abandonada por falta de estrutura‘, comenta Araújo.

O diretor acredita que, para mudar esse cenário, seria preciso mais investimento dos governos na educação. ‘O discurso tem que sair do papel‘, cobra Araújo. Enquanto escolas particulares investem cada vez mais na formação dos alunos, as públicas estão cada vez mais sucateadas ou em total estado de abandono.

A qualidade do ensino, segundo Marlei Fernandes, presidente da APP-Sindicato, é resultado da falta de investimentos na formação dos profissionais. O fato é que o Paraná, por exemplo, não libera o profissional para cursos de aprimoramento. ‘A única forma de aprimoramento tem sido a PDE, mesmo assim não atinge a maioria dos profissionais‘, ressalta Marlei.

Em contrapartida, nas escolas particulares os professores são incentivados a fazer cursos de especialização, os investimentos são mais focados nos alunos, em materiais de apoio didático, e as manutenções prediais são realizadas com maior frequência.

Esse contraste provocou um aumento na procura pelo ensino particular. A estimativa do Sindicato das Escolas Particulares do Estado do Paraná (Sinep-PR) é de que houve um crescimento de 10% nos últimos três anos. ‘Existem projetos de médio e longo prazo que refletem no ensino da escola‘, afirma Ademar Batista Pereira, presidente do Sinep.

Para Pereira, as diferenças básicas entre as escolas particulares e públicas são o respeito ao professor, uma maior autonomia do docente na sala de aula e a disciplina.