Presidente peruano quer unidade da Petrobras em seu país

O presidente do Peru, Alan Garcia Pérez, afirmou nesta sexta-feira (10) que um de seus objetivos como governante é viabilizar a construção de uma unidade petroquímica no Peru em parceria com a Petrobras. Ele reconheceu, entretanto, que essa é uma proposta em que "tem de haver dois, porque eu não sou o dono da Petrobras".

"A Petrobras tem seu próprio destino e temos de nos adaptar a ele. Creio que nesta tarde haverá uma reunião importante em relação a esse assunto", afirmou, sem dar mais detalhes. "A Petrobras é uma empresa que tem muito dinheiro e que tem de saber onde investir para não ocorrer problemas. Creio que o Peru é um país sólido, sério e responsável, onde a Petrobras não terá problemas", ironizou, em mais uma referência ao presidente da Bolívia, Evo Morales, que negocia um aumento no preço do gás exportado para o Brasil e reviu os acordos de exploração da Petrobras no país.

Garcia insistiu na tese de que a Petrobras não terá problemas se investir no Peru e nas ironias em relação ao presidente boliviano. "Aqui está minha palavra e minha mão estendida à Petrobras de que as coisas não vão mudar contra a empresa. Nós recebemos o capital brasileiro com o compromisso de que ele não será afetado. De outra maneira eu não viria propor um negócio à Petrobras, se fosse ocorrer o que tem ocorrido em outros países" cutucou.

Em seguida, Garcia voltou suas declarações para os empresários paulistas para que investissem no Peru. "Dou minha palavra para os industriais brasileiros: ganha-se mais dinheiro no Peru do que no Brasil e em outros países, mas não quero mencionar nenhum em especial", disse.

O presidente peruano declarou que estava muito satisfeito com a sua viagem ao Brasil porque foi informado sobre a perspectiva de novos investimentos no Peru por parte de seis empresas brasileiras, as quais ele não quis mencionar. Esses investimentos, segundo ele, beneficiariam a infra-estrutura do Peru e os trabalhadores peruanos. Mais tarde, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, revelou que as empresas eram Odebrecht, Ambev Petrobras, Andrade Gutierrez, Camargo Correa e Vale do Rio Doce.

Questionado sobre o possível adiamento da aprovação do Tratado de Livre Comércio (TLC) com o Peru pelo Congresso norte-americano, Garcia respondeu que acreditava que o presidente George Bush saberia enviar a proposta ao Congresso no momento adequado. Segundo ele, o acordo interessa aos americanos independentemente de serem republicanos ou democratas, porque os EUA não podem ter inimizades com todos os vizinhos da América do Sul. "Você pode ter problemas com um ou outro vizinho, mas não pode ignorar o vizinho que tem a mão estendida. Se o fizerem a culpa será deles mesmos. Mas eu penso que isso não vai ocorrer porque os norte-americanos são inteligentes", considerou.

Garcia reconheceu que o Peru não é um país muito grande e importante economicamente, mas disse que "se tamanho fosse importante, o elefante seria o dono do circo". "No Peru, temos, entre outras coisas, mente clara, objetivos claros, seriedade política e econômica e responsabilidade. Penso que convém aos EUA ter bons sócios na América do Sul, porque, do contrário, ficarão sem sócios", finalizou.

Para ele, o Tratado de Livre Comércio é a forma mais adequada que o Peru tem para combater as injustiças da globalização. Umas dessas formas, a mais equivocada, seria por meio de "gritos e confrontações, desde que você tenha muito petróleo para negociar", disse, em mais uma crítica ao presidente da Venezuela , Hugo Chávez.

"A outra, mais positiva, é correr mais rápido que a globalização e aproveitá-la. Um velho ditado japonês nos ensina a usar a força do adversário a seu favor. E se os EUA e a globalização são fortes, temos de aproveitar essa força a nosso favor, de maneira que cedo ou tarde haverá o TLC, não tenho dúvida. Estou convencido de que, de todas as maneiras, os produtos peruanos continuarão ingressando nos EUA, como até agora", finalizou.

Garcia participou do encontro "Brasil-Peru: Oportunidade de Negócios e Investimentos", realizado nesta sexta-feira, na sede da Fiesp, na capital paulista.

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