Presidente do BC dos EUA alerta sobre perigo da inflação

O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Ben Bernanke, disse nesta terça-feira (28) que o núcleo da inflação ainda está "desconfortavelmente alto" e advertiu que será "especialmente preocupante" se a inflação não se desacelerar como ele mesmo e outros dirigentes do Fed esperam.

"No caso da inflação, os riscos para as previsões parecem tender primariamente para cima", disse Bernanke em discurso preparado para uma conferência na Fundação Nacional Ítalo-Americana. "Tendo em vista o nível atual da inflação, a possibilidade de ela não se moderar como se espera seria especialmente preocupante", afirmou.

Embora o presidente do Fed continue a prever uma desaceleração do crescimento econômico e da inflação nos próximos meses, suas declarações sugerem que o BC norte-americano não está tão preparado para passar a reduzir as taxas de juro quanto muitos participantes dos mercados vêm prevendo.

Ele também reiterou o "viés" do Fed para elevar as taxas de juro caso a inflação persista, ao dizer que "se alguma decisão de política monetária contra a inflação será requerida, dependerá dos indicadores que estão por sair e, particularmente, de como esses dados afetarão as previsões de médio prazo do Comitê de Mercado Aberto (Fomc), tanto para a inflação como para o crescimento"

O presidente do Fed reconheceu que a inflação "tem se comportado bastante melhor recentemente" e que a moderação no ritmo de crescimento da economia parece estar acontecendo "aproximadamente de acordo com as linhas previstas" no depoimento que ele mesmo deu ao Congresso dos EUA em julho

Depois de crescer 5,6% no primeiro trimestre deste ano, o PIB desacelerou-se para 2,6% no segundo trimestre e para 1,6% no terceiro. Bernanke disse que o quarto trimestre "provavelmente ficará na mesma faixa do segundo trimestre e do terceiro"

Setores

Ele observou que o setor de imóveis residenciais tem sido um fator importante para a desaceleração da economia, mas disse que alguns indicadores sugerem que as compras de imóveis "podem estar se estabilizando". E ressalvou que o ritmo de novas construções poderá permanecer pressionado, porque os dados oficiais "provavelmente subestimam a extensão da formação de estoques de imóveis". Para Bernanke, "a desaceleração na construção de residências provavelmente será um freio para o avanço econômico até o próximo ano".

Para o presidente do Fed, o setor de veículos "pode já estar mostrando sinais de fortalecimento", depois dos cortes de produção ocorridos em meses recentes, mas, fora a cadeia automotiva e de moradia, "a atividade econômica tem, em geral, se expandido num ritmo sólido".

Bernanke disse acreditar que a economia vá crescer "modestamente abaixo da tendência" no curto prazo, antes de recuperar-se "para um ritmo que está aproximadamente em linha com a taxa de expansão da capacidade produtiva". A íntegra do discurso em inglês está disponível em http://federalreserve.gov/boarddocs/speeches/2006/20061128/defaul t.htm. As informações são da Dow Jones.

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