Premiê libanês critica Hezbollah e tensão aumenta

O primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora, criticou duramente nesta sexta-feira (08) o Hezbollah, um dia depois de o líder do grupo ter feito duras acusações ao governo apoiado pelos Estados Unidos e prometido eventualmente derrubá-lo. A troca de acusações sem precedente entre Siniora e o xeque Hassan Nasrallah aprofundou temores de que a crise política no Líbano poderá degenerar em grave violência.

"O que vimos ontem foi um desnecessário acesso de raiva e grosseria que não aceitamos", afirmou Siniora a centenas de partidários em seu fortemente guardado complexo governamental, onde está cercado desde que a oposição iniciou protestos de rua em 1º de dezembro com o objetivo de derrubar seu governo.

Num inflamado discurso ontem à noite transmitido em imensos telões no centro de Beirute, Nasrallah acusou Siniora de ter sido conivente com Israel na guerra de um mês do Estado judeu com o Hezbollah em meados deste ano. O xeque acusou membros do governo de terem pedido aos Estados Unidos e a Israel para lançarem a guerra de julho, de modo a liquidar com o Hezbollah e com ele, pessoalmente.

Nasrallah também acusou Siniora de ter ordenado ao Exército libanês para impedir a chegada de armas para a guerrilha – seu mais duro ataque contra o premier desde o cessar-fogo de agosto com Israel. "O primeiro-ministro do Líbano não trabalhou para bloquear linhas de suprimento de armas?" questionou. "Esses são os responsáveis pela guerra, não pela resistência".

A crise política tem assumido perigosa conotação sectária, com os muçulmanos sunitas no geral apoiando o premiê, um sunita, enquanto os xiitas estão em peso ao lado do Hezbollah. Já os cristãos se mostram divididos. Siniora respondeu hoje que Nasrallah tenta dar um golpe de Estado e, animado com o apoio internacional a seu governo, insistiu que não se curvará aos manifestantes.

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