Prejuízo ronda granjas e frigoríficos no Rio Grande do Sul

Os prejuízos que os moradores do entorno do foco da doença de Newcastle não sentiram vão acabar batendo à porta de granjas comerciais e de frigoríficos distantes de Forqueta Baixa, especialmente aqueles que exportam para a Rússia. O país suspendeu todas as compras de aves do Rio Grande do Sul no dia 17, depois de importar 26 mil toneladas de frango do Estado de janeiro a maio. O volume equivale a 10% das exportações de aves e derivados do Rio Grande do Sul. As proibições de outros países são diferentes. A japonesa refere-se a um raio de 50 quilômetros ao redor do foco. A União Européia, que comprou 31,6 mil toneladas do Estado de janeiro a maio, suspendeu a importação de frangos criados apenas na zona de vigilância de 10 quilômetros.

O prejuízo ameaça, mas ainda não apareceu na contabilidade das 30 granjas na zona de vigilância, em áreas rurais dos municípios de Vale Real, Caxias do Sul, Farroupilha, Nova Petrópolis e Alto Feliz.

Por determinação do Ministério da Agricultura, eles podem concluir os lotes que estão engordando, mas ficam impedidos de alojar novos lotes enquanto o Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), de Campinas, não divulgar resultados conclusivos das 1.110 amostras de material colhido em 79 propriedades da região próxima ao foco.

Até agora, nenhum deles teve de suspender as atividades porque, após a entrega de cada lote, o galpão passa por uma rotineira janela sanitária de 15 dias para o início de uma nova engorda.

Integrado do Frigorífico Agrosul, o avicultor Rudimar Schmitz, de Morro Gaúcho, a sete quilômetros de Forqueta Baixa, entregou seu lote de 26 mil frangos na quinta-feira e ficará com seus dois galpões lacrados.

Se o Ministério da Agricultura emitir a autorização para a reabertura no início de agosto, a paralisação coincidirá com a janela sanitária e não deixará prejuízos. ?Se demorar mais, eu fico prejudicado, porque perco a renda e tenho contas a pagar?, preocupa-se Schmitz.

Os criadores comerciais também consideram exagerada a repercussão do caso da doença de Newcastle e apressam-se em dizer que o foco ocorreu com aves de quintal. Lembram que seus frangos são engordados sob rigorosas condições de higiene, em galpões fechados, sob supervisão das empresas integradoras. Schmitz tem tanta certeza de que a doença limitou-se ao foco que faz uma proposta inusitada. ?Eu como a carne e bebo o sangue de qualquer galinha de Forqueta Baixa.

O diretor-técnico da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Éder Barbon, diz que a indústria não pode ficar à mercê de aves criadas soltas. ?No mundo todo, as doenças aviárias ocorrem com galinhas de quintal. Não se sabe se elas são vacinadas, o que comem e se têm contato com aves silvestres.?

O contato de uma galinha com uma ave silvestre nativa pode ter sido a causa do foco de Newcastle em Forqueta Baixa, desconfia o médico veterinário Alcides Noll Filho, inspetor da Secretaria Estadual da Agricultura. No início de maio, em apenas 24 horas morreram 14 galinhas com sintomas como prostração, diarréia e tecidos inchados ao redor do olho e do pescoço. Outras duas morreram no dia seguinte.

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