Preços agrícolas e de combustíveis deflacionam 2ª prévia do IGP-M

Rio – O cenário favorável de preços no setor agrícola, aliado à continuidade da desaceleração dos preços dos combustíveis no atacado, levou à deflação de 0,50% na segunda prévia do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) de abril. A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.

O cenário da inflação mensurado pela segunda prévia do IGP-M de abril não é muito diferente do já registrado pelo IGP-10 de abril, visto que os dois indicadores possuem períodos de coleta de preços muito parecidos. Enquanto que a segunda prévia deste mês vai do dia 21 de março a 10 de abril, o IGP-10 de abril vai do dia 11 de março a 10 de abril.

O economista lembrou que as matérias-primas brutas agrícolas vivem, atualmente, uma boa fase, com o início de safra de vários produtos importantes. Além disso, há a influência benéfica do câmbio na inflação – que tem puxado para baixo os preços de commodities no mercado interno. "O preço das matérias-primas brutas caiu 3,12% na segunda prévia de abril; a queda nos produtos agrícolas atacado já está em 3,03%", lembrou o economista. "É possível que essa deflação nos preços das matérias-primas brutas fique até mais forte", avaliou o economista, explicando que a safra da cana-de-açúcar mal começou

Quadros informou ainda que, com o início da regularização da oferta da cana no mercado interno, isso conduziu a um bom cenário nos preços de álcool etílico hidratado, que subiram 3% na segunda prévia do IGP-M de abril, bem abaixo da elevação registrada na segunda prévia do indicador em março (6,25%). Com isso, os preços dos combustíveis e lubrificantes no atacado desaceleraram, (de 1,37% para 0,13%), da segunda prévia do IGP-M de março para igual prévia em abril. "Mas essa situação nos combustíveis pode não continuar", alertou.

O economista lembrou a alta cotação do barril de petróleo no exterior, que já superou os US$ 70. Segundo ele, isso pode afetar o comportamento de combustíveis no atacado diretamente ligados à flutuação do petróleo no mercado externo, como querosene para motores e óleos combustíveis.

Reajustes menores

Quadros avalia que a queda de 1% na taxa acumulada em 12 meses da segunda prévia do IGP-M de abril conduzirá a reajustes menores em vários preços controlados importantes, indexados ao resultado acumulado do indicador. A queda foi a menor já registrada em uma taxa acumulada em 12 meses, em toda a história dos IGPs.

Ele comentou que, com a redução registrada na taxa acumulada da segunda prévia de abril, "muito provavelmente" o resultado acumulado em 12 meses, no indicador fechado do mês, também registrará deflação – sendo que, essa taxa acumulada é um dos indicadores usados para calcular os reajustes na tarifa de energia. "Não dá para dizer que, se o IGP-M acumulado em 12 meses até abril registrar queda, os preços das tarifas de energia vão cair. Não é isso. Mas acho que, com a baixa (das taxas acumuladas) de IGPs, as tarifas de energia este ano vão subir menos", explicou o economista.

Segundo ele, a tarifa de energia para o consumidor subiram em média, no ano passado, em torno de 7%. Para Quadros, o aumento na tarifa de energia este ano deve ficar em torno de 4% – beneficiado pelo bom comportamento da taxa acumulada do IGP-M. Além disso, o economista também lembrou que a taxa acumulada em 12 meses do IGP-M é usada para reajustar vários serviços importantes, como contratos de aluguel, TV a cabo, entre outros.

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