Preço do álcool cai nas usinas e sobe nos postos

Na semana em que governo e usineiros selaram um acordo para conter o preço do álcool, o produto ficou 4,5% mais caro nos postos brasileiros. De acordo com a pesquisa semanal da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o litro de álcool hidratado fechou a semana passada a R$ 1,724, em média, no País, ante R$ 1,650 na semana anterior. A escalada dos preços vai minando a competitividade do combustível, que, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), hoje só é mais atrativo que a gasolina em 8 Estados.

Na semana passada, os produtores de álcool se comprometeram a estabelecer um teto de R$ 1,05 por litro para o álcool anidro e de R$ 0,95 por litro de hidratado. Mas, de acordo com os dados semanais do Cepea, o preço do hidratado no atacado continua superior ao negociado, cotado a R$ 1,02 por litro, em média, ainda que tenha caído 1% em relação à semana anterior. Já no caso do anidro, o preço médio cobrado pelos produtores caiu 3,7% na semana, atingindo R$ 1,04 por litro, abaixo do teto estabelecido.

Especialistas dizem que a queda do preço do álcool anidro pode ter efeito, mesmo pequeno, no preço da gasolina. Por ser uma mistura de 75% de gasolina pura e 25% de anidro, a gasolina vem acompanhando a alta do álcool. Segundo a pesquisa de preços da ANP, o derivado de petróleo ultrapassou os R$ 2,50, em média, no País, na última semana, com alta de 0,96% ante a semana anterior.

Desde outubro de 2005, quando o reajuste de setembro já havia sido integralmente repassado, o combustível aumentou 2,1% apenas com os impactos do preço do álcool. Mesmo com a alta, a gasolina ganha competitividade em relação ao álcool hidratado, que já subiu 41,8% desde a mínima do ano, de R$ 1,215 por litro, em junho.

Segundo o Cepea, em apenas 8 Estados o álcool custa menos de 70% do preço da gasolina: Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Paulo e Tocantins. Três deles (Bahia, Mato Grosso e Rio Grande do Norte), porém, estão próximos ao limite, com índice de equivalência entre os dois combustíveis de 68% a 69%.

São Paulo tem a melhor relação de preços, com um litro de álcool hidratado equivalendo a 63,1% do preço da gasolina. Já o Rio Grande do Sul tem o pior índice, de 83,92%, o que significa que os motoristas perdem dinheiro se optarem pelo álcool.

Como cada litro de álcool rende menos quilômetros do que seu concorrente, o preço deve variar até 70% do preço da gasolina para valer a pena. Para especialistas, essa relação é que deve regular o mercado de álcool, já que com carros bicombustíveis o consumidor pode optar pela gasolina em tempos de álcool caro, forçando a redução nos preços.

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