Preço de alimentos desacelerou o IPC-S em 2005

Rio – Os alimentos chegaram mais baratos à mesa do consumidor em 2005 e derrubaram a inflação do varejo, que foi inferior à de 2004. É o que mostrou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) hoje (2), durante o anúncio da taxa média acumulada no ano do Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S), que subiu 4,95% em 2005, ante 6,3% no ano anterior. O IPC-S também registrou desaceleração em sua última edição do ano, referente à semana encerrada em 31 de dezembro, com alta de 0,46%, ante 0,49% na semana anterior.

Segundo o economista da FGV André Braz, os alimentos em 2005 assumiram papel de destaque entre as principais quedas de preço na inflação do varejo. Das cinco quedas mais expressivas nos preços ao consumidor, no ano passado, todas as posições foram ocupadas por produtos de alimentação. A queda no preço do leite tipo longa vida (-9,56%) ocupou a primeira posição entre as principais deflações no varejo, no ano passado, seguida por taxas negativas em limão (-43,87%); arroz branco (-17,01%); óleo de soja (-15,87%); e mamão da amazônia – papaya (-17,55%).

O comportamento dos preços dos alimentos foi determinante para "segurar" o impacto das tarifas e preços administrados na inflação, na avaliação de Braz. "Cerca de 39% da taxa anual do IPC-S foi originada de administrados", disse o economista. Das cinco principais elevações de preços na inflação do varejo em 2005, todas eram referentes a preços controlados. A primeira posição é ocupada pelo aumento em tarifa de ônibus urbano (14 35%); seguida por elevações em tarifa de eletricidade residencial (7,28%); plano e seguro saúde (11,72%); taxa de água e esgoto (15,22%); e gasolina (7,49%).

Braz comentou que, mais uma vez, os alimentos tiveram um papel importante na desaceleração do indicador: foi a elevação mais fraca nos preços de hortaliças e legumes (de 7,87% para 5,47%) levou à inflação menor no indicador na última semana do ano. Porém, ele não descartou a possibilidade de que o IPC-S volte a acelerar na próxima apuração, visto que janeiro, historicamente, recebe grande impacto de preços administrados – como reajustes em mensalidades escolares, por exemplo.

Bom resultado 

A FGV anunciou ainda o núcleo da inflação do varejo, que funciona como indicador de tendência e subiu 0,36% na última edição de 2005, ante 0,31% no anterior. Mesmo com essa aceleração, Braz considerou que o núcleo, que exclui as principais quedas e as mais expressivas altas de preço ao consumidor, mostrou um cenário positivo na inflação em 2005, sem aumentos generalizados de preços, e apenas com alguns "choques" ocasionais – como o do petróleo, por exemplo. Isso porque a taxa acumulada do núcleo encerrou o ano passado com alta de 5,07%, ante aumento de 5,87% em 2004. "Foi um bom resultado", disse.

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