Vitrine da CPI dá novo fôlego a tucanos

O desempenho e a superexposição do senador Alvaro Dias na CPI Mista dos Correios está causando uma certa apreensão nos setores do PSDB que já o consideravam uma carta fora do baralho na sucessão estadual do próximo ano. Os que preferem uma aliança em torno de uma candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao governo foram surpreendidos com a participação de Alvaro na CPI, onde é um dos integrantes mais solicitados para entrevistas na mídia nacional e virou referência para análises mais apuradas sobre o panorama da crise política brasileira.

Foi uma recuperação rápida depois da derrota na disputa para a presidência estadual do PSDB e que não apenas embaralha o processo para a candidatura ao governo, mas também pode estragar os planos do presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão, de concorrer ao Senado. O senador tucano sinalizou que pode querer disputar mais um mandato se abdicar da disputa ao governo em 2006, gerando um foco de tensão interna com Brandão, que é reconhecido como o homem forte do PSDB do Paraná e a quem o atual presidente do partido, o prefeito de Curitiba, Beto Richa, deve a sua ascensão na hierarquia partidária.

O deputado Luiz Carlos Hauly, um dos tucanos mais próximos a Alvaro, evita fazer análises sobre o futuro da candidatura ao governo do PSDB, para não se indispor com o senador Osmar Dias, mas reconhece que a situação de Alvaro melhorou bastante depois da CPI Mista dos Correios. ?Sem dúvida, o Alvaro cresceu muito. Assim como o Osmar Serraglio (deputado peemedebista e relator da CPI) e o Gustavo Fruet (sub-relator da CPI), ele tem tido uma atuação excepcional. O Alvaro se fortaleceu e isso é indiscutível. Agora, a oposição ao governo estadual tem dois nomes de peso para concorrer?, afirmou.

Compromisso

O presidente estadual do PSDB, deputado estadual Valdir Rossoni, avalia que o avanço político de Alvaro é bom para o partido. ?Nós temos um grupo político. Se as principais lideranças desse grupo estão bem, melhor para nós?, afirmou o dirigente tucano, admitindo entretanto que pode haver um acirramento da disputa pela indicação da candidatura ao governo. ?Mas não estou preocupado porque há um compromisso entre o Alvaro e o Osmar de que eles vão se entender e que não vão causar nenhum problema porque todos sabem que nós somos fortes juntos. Separados, seremos a alegria dos nossos adversários?, disse.

O presidente da Assembléia Legislativa vê com naturalidade a reconquista de espaços por Alvaro. ?Isso não assusta. As disputas serão no partido, na hora certa. Se o partido achar que ele é o melhor candidato (ao Senado), tudo bem. Ele tem o direito de disputar e cabe ao partido escolher?, comentou.

Os aliados de Brandão acham que o senador Alvaro Dias é ?perigoso?, mas apesar dessa rearticulação, ele perdeu poder dentro da máquina partidária. Alvaro não se envolveu nas convenções municipais realizadas há um mês e isso poderá ter reflexos na disputa interna da indicação das candidaturas majoritárias, avaliam alguns tucanos. No equilíbrio de forças internas, o senador ainda estaria em desvantagem. Em agosto, dia 21, os tucanos elegem o diretório estadual permanente. E, por enquanto, há tentativas de uma composição. ?Nós estamos conversando muito bem com o senador Alvaro Dias e vamos fazer tudo da melhor maneira possível?, desconversa Rossoni, que deverá ser reeleito para a presidência da sigla.

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