Vices defendem união gay e regra atual para aborto

No primeiro debate entre os candidatos à Vice-Presidência das chapas mais bem situadas nas pesquisas, promovido ontem pelo Grupo Estado, houve poucas divergências em relação a temas como o aborto e a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Michel Temer, vice de Dilma Rousseff (PT), e Índio da Costa, que compõe a chapa de José Serra (PSDB), defenderam a manutenção da legislação atual, que prevê o aborto em casos de estupro ou quando a mãe corre risco de vida. Guilherme Leal, vice de Marina Silva (PV), disse que a candidata é, por convicção religiosa, contra o aborto, mas sugere um plebiscito sobre o tema.

De acordo com Leal, Marina Silva “se coloca contra o aborto, a favor da manutenção da situação legal existente hoje e, caso a sociedade brasileira entenda que isso deva ser ampliado, que essa situação seja submetida a uma discussão mais ampla”. Já em relação à união gay, o candidato a vice do PV afirmou que a chapa apoia a proposta. “Marina Silva é a favor e entende que a palavra casamento é usada como um sacramento religioso, que cada religião deverá determinar o que fazer”, ressalvou.

Indio da Costa, por sua vez, utilizou o ponto de vista jurídico para justificar seu apoio à união entre pessoas do mesmo sexo. “Num exemplo objetivo, se uma pessoa contribui com as despesas da casa e a outra tem condição de comprar o apartamento, e a dona do imóvel morre, o apartamento vai para o Estado. Quem contribuiu com o bem fica na rua. Por isso, não há razão para não dar, do ponto de vista legal, o direito igual para os casais.”

Sobre aborto, o democrata afirmou que “não há nenhuma razão para usar o aborto como método contraceptivo”. “O que tem de se fazer e não está sendo feito é investir muito em educação sexual”, disse.

Temer também defendeu a manutenção da legislação sobre o aborto, mas não se opôs à proposta de plebiscito em relação ao tema. “Acho que temos de praticar mais a democracia direta”, afirmou. Ao justificar sua concordância com união entre homossexuais, o vice de Dilma afirmou: “Diante da nova realidade social do mundo, precisamos ter uma legislação que faça o reconhecimento dessa relação civil.”

Células-tronco

No geral, os três candidatos disseram ser favoráveis a pesquisas com células-tronco. “Em relação às pesquisas, sou favorável a todas que possam melhorar a vida das pessoas na Terra”, afirmou Indio da Costa. “Não tenho objeção alguma, se é para garantir a vida dos que estão aqui”, completou Temer. Já Leal disse que Marina Silva defende as pesquisas com uma ressalva: “Que sejam células-tronco adultas, evitando as embrionárias.”