Atrito

Verri afirma que Requião atrapalha alianças

Presidente estadual do PT e ex-secretário de Planejamento do governo Requião (PMDB), o deputado estadual Ênio Verri classificou as acusações do governador contra o ministro do Planejamento Paulo Bernardo (PT) como “destempero verbal que atrapalha a construção de uma aliança entre PT e PMDB no Paraná”.

Verri, no entanto, não acredita que as declarações afastam o PMDB do PT, aproximando o partido do governador da campanha do PSDB no Estado. Para ele, as declarações foram uma atitude impensada do governador e não uma estratégia política.

“Sem dúvida que atrapalha. Esse imbróglio criado pelo governador cria ruídos na construção de uma aliança. Embora nós tenhamos tanta coisa em comum, que é a visão de políticas públicas, de redução da desigualdade social, construção de uma sociedade com caráter democrático popular, uma briga como essa cria arestas pessoais que dificultam o debate político”, analisou Verri.

O presidente do PT, porém, não identificou intenções políticas nas declarações de Requião. “Acho que é um destempero verbal do governador, que lhe é característico. Eu trabalhei três anos com ele, acho um gestor muito competente, mas que quando resolve falar sem pensar acaba criando esse tipo de problema. É mais resultado de um destempero verbal que um projeto político. É uma característica dele de construir conflitos. Ele gosta disso, mas o resultado tem sido ruim”.

Nem a conversa que o governador teve com o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, convence Verri de que o PMDB do Paraná estaria mais próximos dos tucanos. Para ele, aliar-se ao PSDB seria uma traição à própria biografia do governador.

“Não acredito que o governador Requião busque uma aliança com o PSDB porque ele estaria indo contra todo o seu discurso e sua prática. Ele sempre adotou um discurso de esquerda e disse ser um homem de esquerda. Se fizer uma aliança com o PSDB e, por conseqüência com o PPS e o DEM do José Arruda, grupo que, no Paraná, representa o Jaime Lerner, ele estaria indo contra sua biografia, seria o máximo da contradição”, destacou.

O presidente do PT disse que as negociações com o PMDB seguem no mesmo ritmo. “Acredito que vamos aprofundar o diálogo que já temos. Prefiro encarar o que aconteceu essa semana como um fato isolado. Vamos esquecer isso e trazer o PMDB para o nosso palanque”, declarou.

Na próxima segunda-feira, a Executiva Estadual do PT realiza reunião em que decidirá se mantém ou não seus dois secretários no governo. A decisão, no entanto, terá pouco impacto, uma vez que tanto Lygia Puppato (secretária de Ciência e Tecnologia) e Valter Bianchini (Agricultura) serão candidatos a deputado terão de se desincompatibilizar em um mês.