Urna eletrônica questionada na Justiça

Os candidatos derrotados nas eleições municipais de Almirante Tamandaré e São José dos Pinhais, respectivamente, Amauri Lovato (PTB) e Nedson Karan (PMDB), ingressaram, no final do ano passado, com ações de investigação judicial eleitoral, questionando a transparência dos processos eleitorais feitos com as urnas eletrônicas. Segundo o advogado Valdemar Reinert, cálculos do matemático Ney Gonçalves de Almeida apontam que os percentuais atingidos pelos candidatos vencedores, Vilson Goinski (PMDB) em Tamandaré e Leopoldo Meyer em São José, são improváveis. Ambos tiveram mais de 50% dos votos válidos. Goinski venceu Lovato por 52% contra 23%, enquanto Meyer teve 53% contra 35% de Karan.

Reinert explicou que, além do estudo matemático, suas petições encaminhadas à 1.ª instância da Justiça Eleitoral no dois municípios contêm outros anexos que mostram a possibilidade de fraude no atual sistema de urna eletrônica adotada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Brasil. "A Diebold, empresa norte-americana que fabrica o programa utilizado nas urnas brasileiras, teve suas urnas eletrônicas descredenciadas da eleição para presidente dos Estados Unidos", contou. Além disso, ele apresentou um estudo feito pela Universidade de Campinas (Unicamp) constestando a segurança das urnas. "Já há até literatura sobre o assunto. Os livros Pré-feito e Burla eletrônica: a máquina que faz seu voto sumir mostram isso", afirmou.

O advogado disse que na eleição municipal de 2000 uma perícia comprovou fraude em uma urna na cidade de Camaçari, na Bahia. Mesmo assim, a Justiça Eleitoral não anulou a eleição. "Em agosto de 2000 o PT pediu ao TSE um teste de penetração do sistema, mas foi negado", contou. Para Reinert, as ações de investigação e o debate sobre a segurança da urna farão bem ao processo eleitoral brasileiro. "Acredito que em nove meses teremos o resultado em primeira instância. Mesmo sendo passível de recurso, se comprovada a fraude teremos uma prova pré-constituída com a qual poderemos impugnar o mandato dos prefeitos", disse.

O prefeito de Almirante Tamandaré, Vilson Goinski (PMDB), criticou a ação e disse que isso é coisa da antiga administração. "Eles deveriam contratar matemático para calcular o rombo que deixaram no município", afirmou.

Já o secretário de governo da São José dos Pinhais, Leone Leal, disse não estar preocupado. Ele afirmou que o prefeito tem maioria na Câmara. "A eleição é a coisa mais legítima que há. A urna eletrônica brasileira é modelo para o mundo", falou.

Voltar ao topo