Tucanos sem identidade própria no Paraná

Integrante da Comissão de Ética do PSDB que vai decidir sobre o pedido de expulsão do deputado estadual Luiz Nishimori, o deputado federal Gustavo Fruet disse que o Paraná ainda é o único estado onde os tucanos vivem a crise de identidade, entre ser governo ou oposição. Para Gustavo, esse dilema deve ser solucionado para não atrapalhar os projetos do partido nas eleições de 2008 e na sucessão estadual e nacional de 2010.  

Gustavo participou de uma reunião com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em São Paulo, na quinta-feira, dia 17, quando conversaram sobre a linha nacional do partido. Não houve uma conversa específica sobre o Paraná, mas, na análise geral, Gustavo constatou que os tucanos locais são os únicos que ainda não conseguiram unificar suas posições e se mantêm divididos em uma ala de oposição e outra de apoio ao governo estadual. Nos demais estados, até mesmo no Ceará, já foi resolvido o confronto entre o ex-candidato do partido ao governo, senador Lucio Alcântara, e o senador Tasso Jereissati. Alcântara e seu grupo deixaram o partido.

Gustavo disse que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso destacou que o partido tem uma expectativa de poder em 2010, que está nos governadores de São Paulo, José Serra e de Minas Gerais, Aécio Neves, no plano nacional. Para o ex-presidente, a eleição de 2006 consolidou o PSDB como oposição ao governo federal e essa identidade deve ser assumida como referência por todo o partido.

?O ex-presidente acha que nós precisamos ter nossa agenda própria e não ficar apenas reagindo ao governo, que está usando todos os instrumentos do poder. Nós precisamos abrir alternativas de diálogo com a população, que não se restrinja apenas a denúncias de corrupção. Isso já ficou demonstrado que não pegou no governo?, comentou o deputado federal paranaense.

Fora do tom

A lógica nacional também se aplica ao Paraná, disse Gustavo. ?No Paraná, a situação é de indefinição. Vamos continuar assim até 2008? Vamos esperar passar a eleição? Se continuarmos assim, também não seremos referência em 2010 ou no ano que vem?, avaliou Gustavo.

Um dos nomes apontados como opção de candidato para 2010, Gustavo afirmou que a decisão sobre os deputados estaduais alinhados ao governador Roberto Requião (PMDB) não será simples. ?De um lado, tem o constrangimento de ter que analisar a situação de uma pessoa como o Nishimori com quem todos têm uma boa relação pessoal. Uma medida extrema é ruim, mas ao mesmo tempo, vai ser pior para o partido continuar como está?, comentou.

Gustavo projeta nas eleições de 2010 os possíveis reflexos da crise de identidade do partido. ?Se tivermos um candidato forte, o partido se alinha naturalmente, independente do PMDB. Mas e se não tiver? Quem vai dar sustentação a essa candidatura??, questionou o deputado federal paranaense, concluindo que o drama dos tucanos do Paraná é a prova da falência do sistema eleitoral brasileiro. 

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