Temos de fortalecer mais que nunca nossas democracias, diz Cristina Kirchner

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse nesta sexta-feira, 17, que, “mais que nunca”, o Mercosul deve sair em defesa da democracia. O comentário, feito na 48ª Cúpula do Mercosul, ocorre em meio às tensões sociais na Venezuela e ao “caos político” instalado em Brasília, com as ameaças de um impeachment sobre a presidente Dilma Rousseff.

Em uma longa fala, Cristina mencionou a Operação Condor, criada em 1975, que reuniu militares de Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai e Bolívia em ações conjuntas, com colaboração da CIA, para o combate às guerrilhas e a outros movimentos de resistência às ditaduras militares que dominavam esses países.

“Talvez em algum lugar haja um novo plano que não seja um Condor, que não tenha intervenção das Forças Armadas, mas que será mais sutil, sofisticado. Podem ser abutres, não condores. São sempre aves de rapina”, comentou a presidente da Argentina, fazendo referência aos credores que não aceitaram as reestruturações da dívida pública argentina e mantêm batalhas contra o país em tribunais internacionais. “Não é por casualidade. Eu acredito que temos de fortalecer mais que nunca nossas democracias”, concluiu Cristina.

Cristina lembrou as desconfianças em torno do bloco, mas destacou que, ao contrário do que se dizia, o Mercosul não fracassou. “Estou convencida que a unidade da América do Sul permitirá sustentar anos de crescimento econômico e de inclusão social sem precedentes”, afirmou.

Elogios

A presidente da Argentina agradeceu os elogios que recebeu da presidente Dilma Rousseff na abertura da sessão plenária do Mercosul. Emocionada, Dilma disse que Cristina terá no Brasil “uma amiga sempre pronta para recebê-la e juntas compartilharmos sistematicamente nossos sonhos e nossas esperanças”.

“Quero reconhecer o afeto e a sinceridade com que sempre me recebeu e dizer que isso é absolutamente retribuído por mim”, disse Cristina, dirigindo-se à presidente Dilma Rousseff.