Serraglio vai pedir dois sub-relatores para a CPI

Relator da CPMI dos Correios, o deputado federal paranaense Osmar Serraglio (PMDB) disse ontem em Curitiba que irá pedir a designação de dois sub-relatores para se dedicarem exclusivamente a avaliar os contratos de publicidade dos Correios e as movimentações financeiras dos envolvidos nas irregularidades que estão sendo investigadas na estatal. Serraglio pretende indicar o deputado Gustavo Fruet (PSDB) para uma das sub-relatorias.

Anteontem, chegou à CPMI mais uma relação das movimentações financeiras feitas na agência do Banco Rural, em Brasília, após a instalação da comissão. Na próxima semana, serão ouvidos o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o ex-secretário-geral Sílvio Pereira. Já a convocação do secretário especial de Comunicação, Luiz Gushiken, ainda não foi votada. Serraglio defendeu a tomada de depoimento de Gushiken porque todos os contratos de publicidade das empresas estatais passam pela Secretaria de Comunicação, desde 99.

Serraglio disse que precisa de ajuda porque não está conseguindo avançar nas investigações no ritmo desejado devido ao festival de egos dos integrantes da CPI. Irritado com o que definiu como a "bancada do flash", o relator afirmou que o desejo de chamar a atenção da mídia de uma boa parte dos trinta e dois membros da Comissão Mista (16 deputados e 16 senadores) está atrapalhando o desenvolvimento das apurações.

Muitas das propostas de depoimentos não guardam relação com o foco das investigações e como é cada vez maior o número de requerimentos, o relator acaba não tendo tempo para parar e se dedicar à análise dos documentos. "A bancada do flash não deixa. Tem mais de duzentos requerimentos para despachar. A hora que a TV Senado fecha, a coisa vai mais rápido", comentou.

Serraglio espera concluir os trabalhos antes dos 180 dias previstos para a duração da CPMI. Ele acha que as investigações evoluíram o suficiente para mostar que "os entrelaçamentos de partidos, governos e empresas não eram os mais indicados". O relator afirmou que, apesar de a CPMI ter sido criada com o estigma de "chapa branca" – ele é da ala governista do PMDB e o presidente Dulcídio Amaral é do PT – não tem havido interferência do governo. "Se o governo interferir, fica mais frágil", afirmou.

A proposta de a CPMI dos Correios agregar a CPI do Mensalão, já criada e que está à espera da indicação dos integrantes pelos líderes dos partidos, é bem recebida por Serraglio. Ele avalia que os dois temas estão diretamente relacionados e que seria mais fácil de aprofundar as apurações sob o comando de uma mesma comissão.

Serraglio afirmou que o envolvimento de parlamentares paranaenses nas irregularidades somente será investigado pela CPI do Mensalão. Conforme o relator da CPMI dos Correios, ainda não há nenhuma prova conclusiva na comissão sobre os deputados José Janene (PP), acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB), se ser um dos intermediários do esquema do pagamento de mesadas aos deputados, e nem sobre o deputado José Borba.

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