Seis conselheiros da TV Brasil já deixaram cargo

Menos de dois anos após a estreia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), estatal criada pelo governo para operar a TV Brasil, seis dos 22 primeiros integrantes do seu conselho curador – encarregado de fiscalizar a sua atuação e com poder até para demitir sua direção executiva – já renunciaram aos cargos. Dificuldades para conciliar agendas pessoais dos conselheiros, cuja maioria mora fora da capital, com as reuniões mensais do órgão, em Brasília, constituem o principal motivo para as defecções, segundo o presidente da instância, Luiz Gonzaga Belluzzo. Porém, ele nega que as demissões prejudiquem o órgão, cuja missão oficial é “assegurar o controle social sobre a linha editorial e a qualidade” dos produtos da instituição.

“A composição do conselho tem uma diversidade regional muito grande”, disse Belluzzo. “As pessoas têm de viajar a Brasília para participar das reuniões. Isso é incômodo, inclusive para mim. A participação é, em muitos casos, sem remuneração. Alguns recebem um pequeno jetom (gratificação de presença). No fundo, é um ônus. Chega um momento em que perturba a vida privada.”

Até ontem, tinham pedido demissão o rapper MV Bill, o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, o advogado Luiz Edson Fachin, o ex-ministro Delfim Netto, a carnavalesca Rosa Magalhães e a empresária Ângela Gutierrez. Já foram nomeados alguns substitutos, empossados em junho: o jornalista Paulo Ramos Derengovski, o presidente do Olodum e advogado João Jorge Santos Rodrigues e o historiador Daniel Aarão Reis Filho.

Com responsabilidade sobre toda a EBC, não só a TV Brasil, o conselho tem 15 representantes da sociedade, quatro do governo (pastas da Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Comunicação Social), um de cada Casa do Congresso e um dos funcionários da empresa. Eles têm mandato de quatro anos, com renovação a cada dois.