Sebastião Nery conta histórias que viu acontecer

Dos seus 78 anos de idade, o jornalista carioca Sebastião Nery passou 58 anos fazendo crônicas e reportagens políticas no Brasil e no exterior. Nos intervalos, candidatou-se a vereador, deputado e vice-prefeito sendo o único político brasileiro, até hoje, a se eleger por três estados diferentes.

Alguns dos principais momentos que vivenciou da história política brasileira estão no seu novo livro “A Nuvem 50 Anos de História do Brasil”, lançado no final do ano passado pela Geração Editorial, Nery autografa hoje o novo livro, em Curitiba, no Salão Nobre da Assembleia Legislativa.

Nery disse que o livro guarda parte da sua memória da sua vida de jornalista, que começou a carreira em Minas Gerais, em 1952, quando Juscelino Kubistchek foi eleito governador e o estado ganhou ares de centro da política nacional.

De lá para cá, não houve um único dia em sua vida que não tenha produzido um texto, um comentário, ou seja , um trabalho jornalístico, conta o autor. “Seja em rádio, jornal ou televisão, nunca parei de trabalhar”, garantiu Nery que, atualmente, escreve uma coluna política publicada em jornais de 21 estados.

Nery diz que há três tipos de jornalistas. Os que vão cobrir os fatos onde quer que eles aconteçam, os que têm sorte de que o fato aconteça perto de onde se encontram e aqueles que ele classifica como de “grande sorte”. Estes “já estão lá quando os fatos acontecem”. Nery se enquadra nas três categorias.

Sua grande sorte se revelou várias vezes. Uma delas foi quando o general Charles De Gaulle conclamou os franceses a defenderem seu cargo quando assinou a independência da Argélia e os generais franceses que serviam na Argélia se preparavam para desembarcar em Paris para depor o presidente.

Nery tinha ido ver uma namorada em Paris e assistiu ao apelo de Gaulle pela televisão no quarto do hotel. Telefonou para a namorada, disse que tinha trabalho a fazer e correu para o aeroporto onde os franceses tentavam cercar os generais.

“Eu estava lá na noite do Chacal”, relatou o jornalista, referindo-se a um dos episódios que virou literatura e filme. Ao descolonizar a Argélia, Charles De Gaulle provocou o descontentamento de uma organização clandestina, que contrata um assassino profissional conhecido apenas como Chacal.

Ele começa então a planejar a morte do famoso presidente francês para o dia 25 de agosto de 1963 e, implacavelmente, vai eliminando tudo que possa interferir na sua missão.

Mas em seu livro, Nery se preocupou em contar as histórias que presenciou na política brasileira. “Todas as histórias eu estava lá e vi acontecerem. Nada vem de terceiros. Eu estou dentro de todas estas páginas da história”, disse.