Requião quer pedágio pela metade

O governador Roberto Requião (PMDB) propôs ontem às concessionárias de pedágio no Estado que reduzam suas tarifas aos mesmos valores oferecidos pela vencedora do leilão de concessões de rodovias federais, realizado no dia 9 de outubro pelo governo federal, que em alguns trechos são até 50% menores que no Paraná.  

Apresentada pela Agência Estadual de Notícias como uma proposta de acordo do governo para as empresas, a oferta do governador foi feita no mesmo dia em que o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) divulgou o resultado de um estudo apontando que a arrecadação das seis concessionárias de pedágio no Paraná aumentou 354%, de 1998 até outubro de 2007.

Os números do Dieese foram apresentados durante audiência pública promovida pela Frente Ampla pelos Avanços Sociais, nessa quinta-feira (8), no plenarinho da Assembléia Legislativa do Paraná. Requião não participou da discussão, mas em conversa durante a manhã com o presidente da Assembléia Legislativa, Nelson Justus (DEM), o governador afirmou que, se as empresas estão realmente dispostas a negociar, a discussão deve começar a partir desta proposta: o mesmo preço e as mesmas condições do último leilão de concessões de rodovias feito pelo governo federal.

?Qualquer coisa diferente disso seria prejudicial ao interesse público?, diz a nota divulgada no site de notícias do governo. Justus disse que a Assembléia Legislativa pode ouvir as duas partes e outros setores ligados à área de transporte, na tentativa de mediar um entendimento. ?A Assembléia Legislativa é um instrumento da sociedade para dialogar. Este é o nosso poder. Não podemos fazer mais do que isso?, disse.

Para o presidente da Comissão Especial de Investigação (CEI) do Pedágio na Assembléia Legislativa, deputado Fábio Camargo (PTB), as declarações do governador indicam que ele não está interessado em resolver o problema do pedágio. ?Ainda não tomei conhecimento dessa declaração, espero que tenha sido um engano, pois se for verdade, mostra que o governo não tem vontade de baixar o pedágio?, disse.

Camargo disse que as declarações do governador podem frustrar os 90 dias de trabalho da comissão. ?Estudamos durante 90 dias alternativas para baixar o pedágio. Temos várias fórmulas para conseguir isso e, principalmente, contamos com a boa vontade do secretário de Transportes (Rogério Tizzot) e das concessionárias. Mas se o governador mantiver esse posicionamento, o pedágio não só não vai baixar como vai continuar aumentando?, lamentou.

Dieese

Na reunião do plenarinho da Assembléia, foram apresentados dados do Dieese apontando que, de 1999 para o ano passado, a arrecadação das seis concessionárias que operam no Paraná saltou de R$ 165 milhões para R$ 750 milhões. A frente apresentou, também, a previsão de arrecadação para 2007, que deve ultrapassar R$ 828 milhões. Ainda segundo o Dieese, na média, desde o início da cobrança do pedágio no Paraná, em 1998, a tarifa subiu 136% até o final de 2006. Outro dado levantado pelo Dieese é que, mesmo no início da cobrança do pedágio, as tarifas já eram bem maiores que as tarifas que serão cobradas pelas empresas que venceram recentemente o leilão realizado pelo governo federal. A média das tarifas das seis concessionárias era de R$ 3,00 em 1998, enquanto a média das tarifas do recente leilão feito pelo governo federal é de R$ 1,10.

A reportagem procurou o diretor regional da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias no Paraná, João Chiminazzo Neto, para comentar as declarações do governador e os números apresentados pelo Dieese, mas Chiminazzo estava em viagem e, por isso, não pôde atender.

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