Requião quer CPI para investigar Scarpelini

O governador Roberto Requião (PMDB) encaminhou ontem ao presidente da Assembléia Legislativa, deputado Hermas Brandão (PSDB) dossiê contra o deputado José Domingos Scarpelini (PSB) sugerindo a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI – "para que o deputado seja conhecido pela Assembléia e por todos os paranaenses, de forma clara e transparente".

O material passou pela Procuradoria Geral da Casa e foi encaminhado à Corregedoria Geral, a quem compete analisar denúncias envolvendo parlamentares. A atitude do governador surpreendeu os deputados e, em especial, Scarpelini, que foi secretário especial de Governo em 1993/94, na primeira gestão do peemedebista. No ofício, o governador alega que a Administração do Porto de Paranaguá, que tem à frente seu irmão, Eduardo Requião, vem sendo caluniada pelo deputado. Scarpelini rebate que apenas reproduziu na tribuna da Casa reclamação da presidente do Provopar, Lúcia Arruda, também irmã do governador, de que a entidade não tem recebido os recursos provenientes da varredura do Porto conforme determina lei aprovada no governo José Richa.

O primeiro a abordar o assunto na Assembléia nem foi Scarpelini, e sim o deputado Rafael Greca (PMDB). Mas o oposicionista foi mais longe, levantou a suspeita de desvio dos recursos e pediu a criação de uma CPI para investigar o assunto.

Dossiê

Agora a Corregedoria Geral vai analisar o conteúdo da documentação encaminhada pelo governador que, segundo Scarpelini, inclui processos já julgados e relativos à sua gestão na Prefeitura de Apucarana: "O curioso é que Requião tinha conhecimento disso quando me convidou para assessorá-lo. Além do mais, não há necessidade de uma CPI para isso. Basta uma Comissão de Investigação para examinar as denúncias e definir se deve ou não cassar o meu mandato", explicou.

O deputado considerou a sugestão do governador uma manobra de intimidação em função das acusações que vem fazendo, seja em relação ao Porto, seja em relação à precariedade do sistema carcerário no Estado:"Quero ser fiscalizado pela Assembléia", desafiou, " e deixar claro que vou até o final na linha que adotei, denunciando o que considero errado na administração estadual. Não me deixei intimidar na época da ditadura militar, não será agora que irei fazê-lo".

O próprio líder do governo, deputado Dobrandino Gustavo da Silva (PMDB) admitiu que não há possibilidade da criação de CPI para investigar um deputado, mas apontou exageros nas declarações do colega que podem gerar até mesmo uma ação judicial. Durante o discurso que fez ontem no plenário, Scarpelini chegou a chamar o governador de "covardaço".

O deputado Barbosa Neto, líder do PDT, qualificou a atitude do governador Roberto Requião como uma intromissão indevida do poder Executivo no Legislativo, postura endossada pelo líder da oposição, deputado Valdir Rossoni (PSDB). Requião foi feita pelos deputados Nereu Moura e Rafael Greca, que pediu a retirada das expressões consideradas ofensivas ao governador das notas taquigráficas.

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