Governo do Estado

Requião passa o bastão para Pessuti hoje

O governador Roberto Requião (PMDB) deixou evidente de que lado estará nas eleições de outubro ontem ao assinar seus últimos atos como chefe de governo e fazer um balanço dos sete anos e três meses que ficou a frente da administração estadual.

“Fiz minhas escolhas. Estou muito velho para mudar de ideia. Quando vejo aquela turma de banca, mas sem tutano, querendo voltar a governar o Paraná, perco o sono, perco a paciência”, declarou.

Requião encerrou seu último pronunciamento como governador defendendo a candidatura de Pessuti ao governo do Estado. “De um lado, estará a transformação, representada pelo Pessutão. De outro, os transformistas, aqueles que sobem no palanque e, orientados por uma agência de publicidade, dizem o que não pensam”.

Requião previu mais uma batalha nas eleições de outubro, mas disse estar preparado. “Quem quer eleição de alto nível é porque tem o rabo preso, quem não tem nada a dizer. Eu não conheço processo eleitoral tranquilo”, finalizou.

As sanções do salário mínimo regional, do reajuste aos servidores públicos do Executivo e do reajuste e nova divisão de carreiras de policiais civis e militares foram os últimos atos de Requião como governador do Paraná.

Hoje ele entrega o cargo a seu vice, Orlando Pessuti (PMDB), pois tem de se desincompatibilizar para disputar as eleições para o Senado. Na manhã de ontem, Requião reuniu no Teatro Guaíra em Curitiba sua equipe e cerca de dois mil simpatizantes para um balanço do tempo em que governou. No discursos de despedida, não faltaram críticas a adversários e à imprensa.

“Se temos tarefa a cumprir, não importa o preço. E preços altos tenho pagado. Na Escola de Governo, denunciei falcatruas de todas as grandezas, mas o único condenado fui eu. Também fui aterrorizado porque lutei contra o pedágio, contra os transgênicos, contra os banqueiros, contra os bingueiros, e a mídia, sempre do outro lado”, disse.

Ao avaliar seu governo Requião disse que fez escolhas e refaria o mesmo caminho, por considerar que jamais se desviou de seu ideais. “Deixei de que lado batia nosso coração. Um governo de esquerda, emocionalmente enraizado nas classes populares, na contra-mão dos preceitos e regras do mercado globalizado. Com programas para os pobres, como o Luz Fraterna, o Leite das Crianças e a tarifa social da água”, disse.

Requião afirmou que usou a primeira metade de seu mandato para reestruturar o Estado, “reorganizando a estrutura financeira falida, recuperando as estatais, anulando contratos imorais”, para na segunda metade dedicar-se às “transformações”.

“Com a construção de 13 hospitais 100% públicos, o investimento de 30% do orçamento em educação, a criação de 773 mil empregos com carteira assinada. Mas isso irritou nossos adversários, os neoliberais. Pois eles acham que o Estado não pode oferecer aos pobres o que só os ricos tinham direito no tempo deles”.