Requião esquece Planalto e nem pensa nas prévias

Apesar de incentivado por alguns núcleos do PMDB a apresentar seu nome para concorrer à presidência da República, o governador Roberto Requião avisou ao presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, que esta disputa não está mais nos seus planos.

Em jantar anteontem à noite na casa do vice-presidente estadual do partido, Nereu Moura, em Curitiba, Requião disse aos dirigentes do partido que não pretende se inscrever às prévias que serão realizadas pela direção nacional do partido em 5 de março para escolher um candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Dobrandino relatou que Requião afirmou que prefere cuidar do seu projeto à reeleição ao governo no próximo ano. E já começou a telefonar aos prefeitos peemedebistas que estavam demonstrando preocupação com a possibilidade de o PMDB ficar sem um nome forte para disputar o governo. "Tinha prefeito preocupado com essa possibilidade. Agora, estou tranqüilizando a eles dizendo que o governador não vai se inscrever para as prévias", afirmou o presidente do partido.

A mudança de planos do governador foi atribuída por Dobrandino à sua vontade de permanecer mais quatro anos no Palácio Iguaçu para concluir um projeto de saneamento do Estado. "Ele acha que ainda tem muito a fazer e são coisas que não se pode terminar em quatro anos. Como presidente do partido, eu tenho trabalhado nesta direção", afirmou Dobrandino. Ele reconhece que, há alguns meses, Requião estava animado para disputar as prévias peemedebistas, mas não identificou as causas da alteração da rota eleitoral do governador.

Aliados

Além de reafirmar a candidatura à reeleição do governador, o PMDB resolveu investir na brecha aberta pelo vice-presidente estadual do PSDB, deputado estadual Hermas Brandão, para uma composição para 2006. Brandão disse que se tratava apenas de uma entre muitas possibilidades, mas o PMDB gostou da idéia e segundo Dobrandino, as articulações já começaram. E não se limitam a uma análise de Brandão. "Não é só ele que conversa sobre isso. Há mais gente do PSDB do Paraná discutindo isso", garantiu o dirigente peemedebista, que não quis identificar os interlocutores tucanos.

A avaliação do presidente do PMDB é que um acordo com o PSDB seria o que se pode chamar de uma "boa composição" para o próximo ano. "O Hermas quer ser candidato ao Senado. Se der, acho muito bom", afirmou Dobrandino, indicando o rumo que as conversas vêm tomando entre o PMDB e um setor do PSDB.

O aceno de Dobrandino ao PSDB foi feito um dia depois de o presidente estadual do partido, deputado Valdir Rossoni, ter anunciado que na próxima segunda-feira, dia 14, os tucanos e o PFL vão iniciar formalmente as negociações com o PDT para formar uma frente de sustentação da candidatura do senador Osmar Dias ao governo. Rossoni é do grupo que prega a aliança com os tucanos e é o líder da oposição ao governo na Assembléia Legislativa.

Mas os peemedebistas acham que há uma larga margem de negociação com o PSDB. E fazem uma comparação com o PT. "O PSDB tem nove deputados. Sete apóiam o governo. O PT tem nove. Cinco apóiam o governo. Estamos mais próximos do PSDB do que o PT", afirmou um deputado peemedebista.

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