Escola de Governo

Requião abre fogo contra Lula e o Supremo

Imprensa, Supremo Tribunal Federal (STF) e, até o presidente Lula foram alvos do governador Roberto Requião (PMDB) na Escola de Governo de ontem. Na reunião, em que dedicou parte do tempo a exaltar o Museu Oscar Niemeyer (Mon), administrado por sua esposa, a secretária especial Maristela Requião, Requião reclamou que o presidente Lula parou de repassar recursos ao museu; criticou a imprensa por questionar a compra do terreno para a construção do Centro Judiciário e atacou o STF por condenar as invasões de terra e o repasse de recursos públicos para o MST.

A crítica mais pesada foi ao presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, a quem o governador acusou de servir aos interesses de latifundiários por condenar as invasões do MST e a liberação de recursos federais para o movimento.

“Nunca vi o presidente do Supremo levantar a voz contra os 15 mil assassinatos de trabalhadores rurais em conflitos no campo. Mas com a morte de quatro guardiões de terra, inexplicavelmente assassinados por integrantes do MST, houve revolta generalizada”, declarou.

Requião critica o STF na semana seguinte à decisão da corte que determinou o afastamento de seu irmão, Maurício Requião, do cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.

O governador também ironizou a imprensa e alguns deputados que questionam a compra de um terreno no bairro Ahu para a construção de jardim e estacionamento do novo Centro Judiciário do Paraná, que será construído no local onde funcionava o presídio do Ahu.

No local, vivem famílias de classe média, em terrenos ocupados. Requião destacou a importância do projeto, que centraliza as ações da Justiça na capital e cria um parque urbano, “mas alguns jornais e parlamentares, que criticam o MST, agora defendem a invasão de terras por esse MST cinco estrelas”.

Requião classificou a ocupação do terreno como grilagem. “Ao longo do tempo tivemos algumas tentativas de grilagem, de classe média, de classe média alta. Estamos com ações de reintegração de posse e já estou colocando a Polícia Militar para ocupar as casas que estão sendo desapropriadas. Mas agora surge um movimento forte, os grileiros em pé pela garantia de seu esbulho se manifestam nos jornais e, agora, na tribuna da Assembleia”, declarou.

Contra Lula, a crítica foi por resposta negativa do Ministério da Cultura a pedido de novo repasse de recursos ao Museu Oscar Niemeyer. Segundo Requião, o governo federal parou de financiar projetos do MON após sua mudança de posição quanto à aliança ideal para o PT no Paraná, referindo-se a declaração de Lula de que gostaria de ver o PT ao lado do PDT de Osmar Dias nas próximas eleições.

“Parece que eles não gostam muito de ver o Paraná trabalhando. Parece que têm em vista algumas alianças políticas terríveis que pretendem fazer e resolveram dar uma travada no Paraná.”

O governador decidiu exibir elogios ao MON em resposta à denúncia contra sua esposa, Maristela que, além de ser secretária especial, responsável pela administração do museu, preside a oscip Associação de Amigos do MON, que recebe recursos públicos para financiar os projetos artísticos. Pela legislação, Maristela não poderia acumular as duas funções.