Renan aliviado com o relatório da CPMI

Foto: Agência Senado
Presidente do Senado tinha medo da CPMI ficar sem relatório final.

Na balança de vitórias e derrotas da CPMI dos Correios, a investigação que apontou um milionário esquema montado pelo PT para compra de votos e financiamento ilegal de campanhas, a oposição tem mais vantagens a contar. Ao governo restou o alívio que um aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva assim resumiu, no final: "Podia ter sido pior". Nas duas últimas semanas da CPMI, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), era um dos mais preocupados com a possibilidade de a investigação chegar ao fim, depois de dez meses, sem um relatório final.

O senador não queria a repetição do que houve com as CPIs do Banestado e do Mensalão. "O pior cenário é não ter relatório", insistia. Frustrada a tentativa de um acordo de última hora e, apesar do tumulto da última sessão, a base governista reconhecia que, pelo menos, não teve o ônus de derrubar o documento do relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) – a maior parte dos governistas da CPMI optou por não votar, em protesto contra o modo como o presidente da CPMI, Delcídio Amaral (PT-MS), conduziu os trabalhos.

Um aliado do presidente Lula que participou das investigações comparou o andamento da CPMI a uma montanha russa. Para ele, um dos piores momentos foi o depoimento do marqueteiro Duda Mendonça, que confessou ter recebido do PT R$ 10 milhões de dinheiro de caixa 2, depositados ilegalmente em uma conta nas Bahamas. O senador tucano Arthur Virgílio (AM) disse, na ocasião, que "o impeachment do presidente não pode mais ser palavrão", enquanto Alvaro Dias (PSDB-PR) falava em "estelionato eleitoral".

A todo momento se temia que algum aliado de Lula com depoimento marcado comprometesse o presidente. Nenhuma denúncia, porém, o atingiu diretamente. Hoje, muitos petistas reconhecem que foi difícil fazer uma defesa veemente da condução da campanha petista diante de tantas exigências de pagamentos ilegais. O deputado Maurício Rands (PT-PE), no entanto, insiste: "Nós não quisemos esconder nada. Nunca negamos que houve repasses ilegais e que essa prática deve ser extirpada da política".

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