Relatório esclarece morte de guerrilheiro, diz jornal

Em relatório secreto de 8 de outubro de 1969, o Exército assume a responsabilidade pela morte do guerrilheiro Virgílio Gomes da Silva, codinome Jonas, que chefiou o sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, de 4 a 7 de setembro de 1969. A ação marcou a luta armada contra a ditadura e está registrada no filme “O que é isso, companheiro?”, baseado em livro homônimo do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que participou do sequestro. A informação é do jornal “O Globo”, que teve acesso ao documento confidencial, intitulado “Informação n. 2.600”, produzido nove dias após Jonas ter sido capturado e morto.

Os militares não citam a palavra tortura – segundo relatos de presos políticos, ele foi morto a pontapés -, mas admitem que o guerrilheiro morreu em decorrência de “ferimentos recebidos”. O prisioneiro estava sob guarda da Operação Bandeirante (Oban), em São Paulo. “Virgílio Gomes da Silva, vulgo Jonas, vulgo Borges, reagiu violentamente desde o momento de sua prisão, vindo a falecer em consequência dos ferimentos recebidos, antes mesmo de prestar declarações”, diz o documento secreto. Segundo o jornal, as informações teriam circulado por dez órgãos militares.

O dossiê sobre Jonas inclui cópias de três documentos e fotos 3×4, com e sem bigode, acompanhadas de uma anotação à mão: “Jonas – Morto – Participou do Sequestro”. A viúva de Jonas, Ilda Martins da Silva, de 78 anos, disse que ainda espera encontrar a ossada do marido para fazer o enterro. Segundo ela, esse é um desejo de “toda a família”.