Radicais de esquerda têm propostas moderadas no Paraná

Implantação de reforma agrária, mudanças estruturais da economia e rejeição de pedágio como opção para conservação das estradas são pontos comuns nos planos de governo de dois candidatos ao governo do Estado que se consideram socialistas. Pela coligação Frente de Esquerda do Paraná – que envolve o Psol, o PCB e o PSTU – concorre à sucessão estadual Luiz Felipe Bergmann (PSOL) e pelo PCO, Ivo José de Oliveira de Souza.

Para o candidato da Frente de Esquerda do Paraná, os pontos principais de seu plano de governo são a democratização do orçamento do Estado e a reforma agrária. Na concepção de Luiz Felipe, o orçamento historicamente é planejado para favorecer as elites do Estado, em detrimento da maioria da população. Ele propõe que a sociedade civil organizada seja convocada para a discussão do orçamento, como forma de resolver os problemas sociais. "Temos a convicção de que assim iremos vencer as questões de saúde, educação, segurança, entre outras", diz.

Luiz Felipe afirma também que é preciso efetivar uma reforma agrária no Estado. Segundo ele, há 6,8 milhões de hectares de terras devolutas e improdutivas – área suficiente para assentar todas as famílias que não possuem terras. O candidato não acredita que alguma vez trabalhadores sem terra tenham invadido terras produtivas. Para ele, as invasões se deram somente em terras ociosas. Luiz Felipe aproveita para criticar o governo Lula que, no seu entendimento, só avança na reforma agrária quando há muita pressão de movimentos sociais, como o MST.

Para Luiz Felipe, somente por meio de políticas socialistas será possível resolver os problemas da sociedade. "É preciso realizar a distribuição igualitária das riquezas àqueles que as produzem. O que estamos vendo acontecer é o oposto. Os ‘sanguessugas’ do sistema financeiro ficam com grande parte dos recursos, indo ainda outra porção para indústrias e para países estrangeiros. Aqueles que produzem, os trabalhadores, são os que devem usufruir", afirma.

Com base nesse ideário é que Luiz Felipe se posiciona contra a privatização de bens públicos, das parcerias público-privadas e contra o pedágio. Na esfera econômica, defende que sejam criadas cooperativas nos diversos setores da sociedade, a fim de criar empregos e distribuir renda. "Não basta os trabalhadores se organizarem politicamente, é preciso também organização na economia.?

Assim como Luiz Felipe, Ivo Souza (PCO) também é favorável à reforma agrária no Estado. Porém, os planos de Souza para o governo do Paraná são um pouco mais radicais que os de Luiz Felipe. "Defendemos um projeto revolucionário. Mudanças radicais no sistema econômico, na administração pública, na educação." Segundo Souza, o principal ponto do plano de governo é de um salário mínimo de R$ 900 e redução de jornada de trabalho para 35h.

O candidato do PCO afirma que o plano de governo estadual está em sintonia com os planos nacionais do partido. Se chegar ao poder, a intenção do PCO num longo prazo, diz Souza, é substituir a iniciativa privada por um sistema socialista, que por si só se sustentaria.

Em curto prazo, com base nas propostas nacionais, Souza defende a revisão das privatizações, além de alternativas para o sistema de pedágios no Paraná. "Defendemos ou que o pedágio seja administrado pelo Estado, ou que ele não exista, uma vez que o cidadão paga impostos e contribuições que deveriam ser usados na manutenção das estradas", diz.

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