PT está de olho na presidência da Câmara dos Deputados

Foto: Agência Brasil

Aldo Rebelo foi conduzido à presidência da Câmara numa eleição dramática depois da demissão de Severino Cavalcanti.

O PT está de olho na presidência da Câmara dos Deputados e a pretensão do atual presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB), de se reeleger, corre risco. Pelo menos é o que se pode deduzir de uma entrevista concedida pelo governador eleito da Bahia, Jacques Wagner (PT), ontem, ao site Terra Magazine. Ele alega que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) corre o risco de perder o controle da Câmara dos Deputados, se pretender levar Rebelo à reeleição.

Wagner defende um nome de seu partido, o PT, para o cargo. Ele avalia que o risco poderia ser menor para a base aliada. ?A depender da análise sobre a posição do Aldo, hoje, num colégio de 513 eleitores, há que se decidir se o risco não seria menor se o candidato fosse do PT, por exemplo, que tem uma bancada muito maior que a do PC do B, o que já dá uma largada com mais folga, com mais trânsito?, diz ele.

Apesar de fazer a sugestão, Wagner toma o cuidado de não se melindrar com Rebelo: ?Essa é só uma alternativa, que só nasceria para o caso do risco na reeleição ser grande?. Segundo o governador eleito da Bahia, há perigo na reeleição de Aldo Rebelo. Este, segundo ele, seria por conta de uma ?atuação correta, sem concessões que não devem mesmo ser feitas, e ele (Aldo) agiu assim, costuma criar arestas, trazer problemas numa casa como a Câmara?.

Resumindo: o governador eleito acredita que no decorrer deste ano o comunista Aldo Rebelo teria contrariado muitos interesses corporativos da Câmara dos Deputados e por esta razão entraria enfraquecido na disputa pela reeleição. Um candidato do PT, segundo ele, teria maiores chances porque a bancada do partido é maior e contaria com aliados no governo, como o PMDB. Em outras palavras, Wagner acredita que, por ser um partido maior e com bancada mais numerosa, o PT teria condições melhores de atrair apoios de outras bancadas.

Depois de dar o seu recado, Wagner se esquiva: ?Não estou mais na coordenação, há muito tempo, e por isso estou sem termômetro para saber como está a coisa lá, mas o risco, o perigo, existem exatamente por conta dos méritos do Aldo, de sua atuação correta na Câmara, sem concessões, o que naturalmente fere interesses?.

No entanto, a pretensão do PT de presidir a Casa não pode desaguar na dissidência, como ocorreu em janeiro do ano passado, quando a disputa entre Virgilio Guimarães (PT-MG) e Luiz Eduardo Greenhalg (PT-SP) acabou propiciando um segundo turno em que o vencedor acabou sendo um azarão, Severino Cavalcanti (PP-PE), cuja ascensão coincidiu com uma crise política sem precedentes para o governo Lula.

A dissidência ?é um perigo que temos que afastar, não podemos correr esse risco. É preciso avaliar qual é o humor em relação à presidência da Câmara, se a atuação meritória deixou seqüelas ou não… temos que analisar, por exemplo, que mais de 40% da casa foi renovada, e no que isso implica?, diz Wagner, com cautela. 

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