PSDB monta comando de campanha para eleições

Mesmo com a relutância do governador José Serra (PSDB) em admitir sua candidatura à Presidência da República – o que deixa também em aberto o nome da legenda à sucessão no Estado -, os tucanos já se mobilizam para montar o comando de campanha para as eleições presidenciais deste ano. Há um mês, um grupo reúne-se semanalmente em São Paulo para discutir a composição da equipe e as diretrizes da campanha presidencial e estadual. O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, participa dos encontros.

Integrantes da administração pública convidados a trabalhar na campanha devem sair dos cargos até a próxima semana. A ideia é deixar tudo pronto para funcionar assim que for feito o anúncio dos candidatos tucanos ao Planalto e ao Palácio dos Bandeirantes. O prazo limite para que Serra deixe sua função encerra-se em 3 de abril. O mesmo vale para os secretários estaduais da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, e do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, que pleiteiam a indicação para a sucessão estadual.

Ainda nesta semana, o presidente municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo, deve se licenciar de seu cargo de dirigente do partido e de secretário de Relações Institucionais de Serra. Ele tem participado das reuniões semanais do comando de campanha tucano. Bem relacionado com Serra e Alckmin, Lobo atuará na campanha presidencial e estadual. Além de Lobo, outros colaboradores de Serra também se preparam para deixar seus postos.

Conselheiro de Alckmin e Serra na campanha de 2006 e na do prefeito Gilberto Kassab (DEM) em 2008, Felipe Soutello deixa hoje a presidência do Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal (Cepam), órgão do governo estadual.

Soutello, que já integrou a equipe do marqueteiro Luiz Gonzales, um dos cotados para comandar a estratégia de comunicação de Serra, disse ter “motivos particulares” para deixar o cargo e preferiu não detalhar a decisão. Nos bastidores, ele já é contabilizado como um dos nomes da campanha do PSDB.

Encontros

Paralelo à montagem da equipe que vai coordenar a campanha do PSDB, tucanos do alto escalão – como o vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, – têm participado de encontros com correligionários, prefeitos e membros da sociedade civil para falar dos projetos do PSDB para o País. Na semana passada, em reunião em um hotel da Capital, Goldman defendeu projetos nacionais da legenda e a capacidade do presidenciável José Serra para capitanear o País nos próximos anos.

O secretário estadual do Meio Ambiente, Francisco Graziano, também vem mantendo encontros do gênero. O secretário, que disputa a indicação para concorrer ao Senado, organizou um encontro para discutir rumos e inovações da legenda, denominado “Renovar Ideias”, com a participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O próximo, marcado para a semana que vem em um hotel da Capital, terá como palestrante o secretário Geraldo Alckmin.

Na avaliação do analista político Sidney Kuntz, não adianta apenas os tucanos atuarem nos bastidores, com a montagem da equipe de campanha, sem que o presidenciável da legenda apresenta oficialmente o seu nome. “Caso Serra anuncie suas pretensões, isso poderia ter algum reflexo positivo já nas próximas pesquisas”, avalia Kuntz.

Para o analista, contudo, para voltar a crescer em níveis competitivos, os tucanos precisam de um fato novo que atraia a atenção do eleitorado. “No meu entender, o melhor fato novo que poderia alavancar novamente a candidatura de Serra seria a entrada de Aécio Neves como vice em sua chapa.”